segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vestibular

O ensino médio finalmente chegou ao fim. Algumas turmas resolvem fazer festa e outras resolvem viajar, mas o que importa mesmo é que estão todos reunidos e felizes. É hora de lembrar tudo o que aconteceu durante o ano com os amigos e dar em cima da pessoa que você passou o ano inteiro gostando sem contar pra ninguém. Esse final de semana marcará a sua vida e será lembrado no futuro como "um dos melhores momentos da minha vida". Só há um porém: se você está curtindo a sua festa ou a sua viagem, isso significa que o seu vestibular já está chegando. Então você deixa tudo de lado e mete a cara nos livros.

Final do ensino médio, muita gente enlouquece. Seus amigos não vão ter mais tempo pra você e quando tiverem você não terá pra eles. Tudo graças a uma prova que resume três anos da sua vida em um dia. O nervosismo, a pressão e o desespero se misturam e você fica com aquela sensação de que não estudou o suficiente para ser aprovado. Seus pais vão fazer de tudo pra que você relaxe, mas dificilmente algo surtirá efeito, seu emocional já está tão instável quanto um átomo de urânio. Entretanto, enquanto pais normais tentam impedir que toda essa ansiedade tome conta, a minha mãe queria que eu me estressasse.

Várias vezes tentaram fazer com que eu me importasse com o vestibular, mas nunca deu certo. Já estava decidido a ser indiferente à todo esse inferno. Só teve uma coisa, nesse período, com a qual me estressei e ela foi a minha mãe. Todos os dias ela me consumia a paciência falando do filho de Fulano que estava estudando pra passar em medicina ou da filha de Sicrano que abriu mão das saídas nos finais de semana pra passar em direito. Ela reclamava que não me via estudando, mesmo as minhas notas na escola sendo boas. O que ela queria mesmo era me ver sentado com os livros abertos pra ficar feliz. Aguentei isso por bastante tempo até que:


E nunca mais ela tocou no assunto.

sábado, 19 de novembro de 2011

Novos blogs

Apesar de podermos, muitas vezes, sermos mal interpretados ou prejudicados, a melhor coisa que a internet tem pra nos oferecer é a liberdade de escolha e de expressão. Nunca foi tão fácil expressar uma opinião ou um pensamento para que o mundo inteiro possa julgá-lo. Mais fácil ainda é criar um blog.

Em questão de minutos você tem à sua disposição um pequeno pedaço da web para poder chamar de seu. O céu é praticamente o limite e você pode deixá-lo com a sua cara em alguns instantes sem nenhum custo adicional. O único trabalho que você pode vir a ter é o de atrair as pessoas para o seu cantinho Seja com vídeos, fotos, crônicas e/ou tirinhas, todo atrativo é válido, depende apenas de quem acessa gostar ou não.

Eu, por exemplo, prefiro produzir ao invés de copiar e colar imagens e vídeos já vistos em outros lugares, aqui. Como o meu conteúdo é único, até mesmo o que escrevi no Xique Xique Blog é exclusico de lá, levo mais tempo pra trazer um produto final de qualidade até vocês. Só não consigo entender como esses blogs de tirinhas com memes conseguem ter mais visitas que qualquer outro.

As tirinhas são feitas em sites como esse e não levam muito tempo para serem feitas. Em menos de meia hora você já consegue fazer uma sem nunca ter usado essa desgraça na vida. Muitos deles apenas copiam as ideias de outros lugares e mudam os memes ou transformam piadas já feitas em tirinha. É engraçado, beleza, isso não posso negar, algumas muito boas por sinal, mas o cara virar celebridade na internet só por causa disso é apenas mais uma prova da qualidade intelectual das nossas futuras gerações. A última vez que vi um esforço tão pequeno pra se conseguir quinze minutos de fama foi quando a Monalisa Perrone foi atacada. Porém, já dizia o ditado: se não pode vencê-los, junte-se à eles.

Não se preocupem, ou preocupem-se, eu não pretendo parar de escrever:


domingo, 30 de outubro de 2011

Engenharia como nunca civil (4)

Quando resolvi fazer engenharia civil, saí perguntando às pessoas que conhecia como era o curso. Foram só elogios. Curso bom, momento de crescimento e ótimos salários. Não pensei duas vezes e prestei vestibular pra me tornar engenheiro. Depois que entrei foi que vi a furada que eu tinha entrado. Tudo o que me falaram é realmente verdade, mas até chegar no lugar que você quer, você sofre e sofre muito:


Antes eu tivesse visto esse vídeo mais cedo.

sábado, 22 de outubro de 2011

Apenas mais uma de amor (14)

Chegou em casa tão apressado que nem viu o homem sentado na calçada. Há dias estava fora de casa, mas terminara o serviço mais cedo e decidira fazer uma surpresa para a esposa. Tocou a campainha uma, duas, três vezes e nada. Ela deveria estar em casa. Tinha mandado uma mensagem horas antes avisando que tinha organizado um sarau em casa. Ele ficara bastante feliz ao saber que ela finalmente começara a se interessar por livros. Foi só após a quarta tentativa que notou a presença daquele estranho:

- Se veio pra festinha que tava rolando, perdeu a viagem. Os tiras receberam umas denúncias anônimas dos vizinhos e levaram todo mundo pra delegacia, era pó demais. Deram nem tempo pro pessoal se vestir...
- Er... desculpa, mas o senhor deve ter confundido a minha casa com a casa de shows que fica no outro quarteirão. Todo mundo aqui na rua já esperava que isso acontecesse um dia.
- Não, não, é aqui mesmo. Tá aqui escrito no convite, pode ler se quiser.
- Huuum, parece tá certo. Rua B, número 69, próximo ao posto de gasolina e assinado por... como é mesmo esse nome aqui? Arlete Boqu... Porra mermão, mas essa daqui é a minha muher. Que palhaçada é essa? Mais cedo eu recebi uma mensagem dizendo que estava rolando uma festinha em casa, só que ela me disse que era um sarau. Uma festa culta e refinada, não essa pouca vergonha daqui.
- Ah, mas isso foi. Culta e curta. Ela até fez citações do livro daquela escritora famosa que lançou filme recentemente.
- A Stephenie Meyer?
- Não, a Raquel Pacheco. Ela pegou o livro nas mãos e disse em alto e bom som que hoje não iria dar, só distribuir.
- Ma... ma... mas ela me disse que era só um sarau!
- Vai ver ela digitou suruba errado. É aquela coisa, digitar mensagem em cima de um mecânico não é pra qualquer um.
- Teve touro mecânico!?
- Rapaz, se ele era um touro na cama eu não sei, mas mecânico eu sei que ele era porque vi o macacão sujo de óleo.
- Eu sabia que não devia ter confiado, todo mundo sabia e já tinha me alertado. Só o trouxa aqui ainda quis acreditar na palavra daquela vagabunda miserável. Sempre foi assim piranha na cama só que dizia que era só comigo. Ela que fique lá presa pra aprender. Na delegacia eu só vou com o meu advogado e os papéis da separação.
- É, meu amigo, quem mandou confiar em mulher? Bom...o recado tá dado e eu ainda tenho muito o que fazer. Até mais.
- Peraí, só mais uma coisa que ainda não entendi. Como é que você sabe disso tudo sem estar na festa?
- Pra falar a verdade eu estava, mas fui expulso pouco antes da polícia chegar. Quando chegou a minha vez, a senhora sua mulher mandou eu me vestir e ir embora. Disse que não queria ninguém com um nome que lembrasse você. Quando ela estava saindo daqui no camburão, me pediu pra tomar conta da casa por uns dias que eu seria recompensado depois, mas eu juro que não sabia que ela era casada! Só descobri porque ela falou quando me botou pra fora.
- Quer dizer que aquela rapariga ia te dar, mas ficou com pena do otário aqui? Aquela filha da puta me paga, vou acabar com a vida dela.
- Aí já é briga de marido e mulher e eu não tenho que meter a minha colher, com todo respeito. Papo tá bom, mas como já disse, tenho que ir. Satisfação te conhecer.
- De certo modo foi bom ter te encontrado aqui ainda. Primeiro porque isso me fez acreditar no que me diziam e depois porque é difícil achar alguém com um nome tão esquisito como Adalgamir.
- Adalgamir? Eu acho que você se enganou. Meu nome é Cornélio.

Acompanhou o outro ir embora com o olhar. Os vizinhos já começavam a aparecer nas janelas e portas. Não iria aguentar a gozação. Mudou-se sem nem avisar à família.

domingo, 9 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Tempos de escola - Coordenação

Durante toda a minha vida escolar, aproveitei bastante o dinheiro dos meus pais. Utilizei todos os serviços que a escola poderia me oferecer, dentro e fora do horário de funcionamento. Da sala de aula à enfermaria, que na época era apenas uma caixa enorme com uma tesoura e um punhado de gases, passando pela quadra, piscina, sala de informática (vulga lan house), sala de artes, biblioteca, secretaria, coordenação e diretoria, com ênfase nesses dois últimos.

A profissão de coordenador é a de engenheiro e a de mestre-de-obras da área de humanas. É ele que tem que interagir com os alunos e resolver os problemas deles. Como se não bastasse o fato de não se ter reconhecimento, estudante não é raça que preste. Faz amizade, mas na hora de fazer besteira não lembra que além de amigo, existe ali um profissional ao qual ele deve ser submisso. Bati muita boca com as coordenadoras até o ensino médio, às vezes com razão e às vezes sem, mas tudo isso acabou no 2º ano com a chegada de Lívia.

Ela é do tipo de pessoa que tenta ser amiguinha de todo mundo distribuindo sorrisos, mas que pelas costas só te passa rasteira. Era uma agente infiltrada pra acabar com a nossa alegria. Todos os dias ela ficava na portaria dando bom dia para os alunos, fato que sempre me fez crer que a tinham contrado para a função errada. Por educação, a gente respondia pra que ela se sentisse útil ali. Entretanto, as pessoas não têm a mesma paciência. Algumas têm mais, outras menos e outras simplesmente não têm. Esse último caso era o do Alexandre.

Todos os dias ela o cumprimentava assim que ele chegava e duas coisas aconteciam, ou ele passava direto ou dava uma resposta nela. Era sempre a mesma coisa:

- Bom dia, Alexandre!
- Só se for pra você.

O pior é que ela não desistia ou reclamava, mas, um dia, a paciência dela se esgotou com ele:

- Bom dia, Alexandre...Alexandre, eu disse bom dia, deixe de ser mal-educado e responda.
- Minha amiga, mal-educado eu vou ser no dia que te responder.

Sabem aquele ditado que diz que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura? Foi desse dia em diante que eu percebi que existem pedras que é melhor você deixar virgem.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Provérbios

Seja um irmão mais novo tendo que te ensinar a usar alguma coisa ou um sobrinho que não conhece nenhum dos desenhos que você pergunta se ele gosta, existem coisas na vida de gente que nos dão sinais de que estamos envelhecendo. É a sabedoria que aumenta, as experiências que se acumulam e os provérbios que se alteram.

Não podemos mais dizer que quem tem pressa come cru porque na verdade a pessoa vai no fast-food que a comida já tá lá esperando por ela. Também não se pode mais falar aos quatro ventos que, pela noite, todos os gatos são pardos, sem que alguém te diga que metade deles deveria ser negro pelo fato deles terem sido marginalizados na Idade Média. Os ditados populares tiveram que mudar. Se adaptaram aos novos tempos e às novas gerações para sobreviver. Entretanto, durante essa transição, a essência foi perdida.

O que antes era usadado como conselho ou frase de efeito, agora serve apenas para fazer graça entre os mais novos. Hoje, quem ri por último é retardado ou não entendeu a piada, mas há um tempo atrás, era quem ria melhor. O rei na terra de cego agora é só um caolho qualquer, nem tudo que reluz é lantejoula e a união faz açúcar e barras de ceral.

São outros os tempos e os ditos populares, mas isso não significa, necessariamente, uma coisa ruim. Vai ver que, há algumas décadas atrás, outra pessoa já tenha notado essas mudanças e se sentido antiquado. Fato é que nada disso pode e nem deve ser freado, pois, mudam-se os tempos, mudam se as vontades. O melhor agora, já que não podemos vencê-los, é nos juntarmos à eles.

*P.S.:Visitem o Xique Xique Blog e confiram o post que fiz lá e esqueci de avisar aqui.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Divórcio

Foram quase quatro anos juntos. Dois de namoro, um de noivado e um último casados. Praticamente meia década de alegrias. O começo meio conturbado nunca impedira que o amor prosperasse. Entretanto, estavam ali agora tendo que passar por mais um dia de negociações. O que antes os unia agora os separava cada vez mais. Cada encontro era marcado por acusações e xingamentos. De diferente, apenas as roupas dos presentes. Ela querendo levar tudo, ele querendo que ela levasse o mínimo possível. Levaram o caso ao tribunal, que o juiz decidisse o que achasse melhor.

Muito do que ela pedia era de antes mesmo dele sequer pensar em encontrá-la. Um absurdo, ninguém em sã consciência deveria dar ouvidos ao que a louca falava. Que ficasse com todas as porcarias que haviam construído e criado juntos. Tudo sempre fora mais dela do que dele mesmo, apenas metia o dedo onde era autorizado, mesmo assim, ela sempre ia lá e fazia do jeito dela. Mas não, para ela isso ainda era pouco. Queria tudo. Para ela, o casamento acabara justamente pelas coisas que estavam lá desde antes dela chegar.

Tudo que ele havia conquistado depois fora por causa dela. Um ingrato, isso sim. Se não tivesse aparecido na vida dele, nada teria mudado. Portanto, eles podiam até ter entrado nessa juntos, mas o primeiro passo e a ideia eram dela. Além disso, por mais que fosse verdade que ele já tinha bastante coisa quando começaram, ele mesmo decidira dividir tudo com ela quando começaram a namorar. Ela não só tinha as senhas mais importantes como também um contrato assinado por ele e reconhecido em cartório. Para azar dele, o documento era autêntico. Não lembrara dele antes porque assinara da mesma forma que casara: sem pensar.

Twitter, Orkut, Facebook, Google+, Myspace e Msn. Todas as contas conjuntas e mais as que ele mantinha da época de solteiro seriam dela. Não imaginara que ela um dia pediria o divórcio e muito menos que levaria tudo. O mais doloroso foi ela não ter tido nem um pouco de piedade ou compaixão. Teria que recomeçar sua plantação no colheta feliz, pois, até os fakes, que ele usava para jogar escondido, ela decidiu levar.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nada


Parado ali, olhando o vazio, ele levou as mãos à cabeça e fechou os olhos. Pensou arrependido na noite que acabara de ter e no ponto em que chegara agora.

*

Era o dia do aniversário de namoro e as expectativas de sua namorada foram as mais românticas e, na opinião dele, exageradas possível. Ele só tinha 22 anos e não se sentia preparado para tanto romantismo, para dar tanto valor a uma noite que era como qualquer outra. Não que ele fosse insensível ou que não fosse apaixonado pela namorada, mas achava que não devia se basear o amor e sentimento de uma relação pela quantidade de flores ou preço do jantar em uma noite só. Além disso, tinha o jogo na televisão. E foi exatamente por causa desse jogo que tudo desandou de vez.
Tinha combinado de sair para pegar um cineminha e depois jantar. Ele já havia comprado o presente dela, uma bolsa que a viu cobiçar dias antes. Planejava estar de volta em casa ainda no primeiro tempo, por isso o filme teria que ser curto e o jantar também.
Ela estava linda. Era linda, mas naquela noite, ele pensava agora, estava mais ainda. O filme durou mais que o desejado, mas o jantar compensaria afinal, ela estava fazendo dieta.
Chegaram ao restaurante na hora em que a chamada para o jogo passava na televisão. Estrategicamente, foi sentar-se próximo.
Pediram enquanto a novela acabava.
Comeram enquanto os primeiros comentários apareciam.
Pediram a sobremesa (ela se permitiu um doce pela comemoração) enquanto os times entravam em campo.
E chegou a hora de trocar os presentes na hora em que o jogo começou.
Ele ganhou um relógio e as horas mostravam que 10 minutos do primeiro tempo passaram.
Só então lembrou que o presente dela ficara em casa. Tinha esquecido de pegar, pois saíra de casa falando ao telefone com um amigo sobre o “jogão” que teria hoje.
Tentou se desculpar, mas ela viu que seus olhos se dividiam entre a namorada e a televisão.
Foram embora quando o time adversário fez o primeiro gol.
Discutiram durante o caminho. Como ela morava longe dele, decidiu que ele terminaria de assistir ao jogo na casa dela, já que seu pai torcia pelo mesmo time e já eram grandes amigos. Depois ela receberia o presente.
Chegaram e ele passou direto pela sogra. Um “Opa” foi tudo que ela ouviu. A namorada vinha atrás, com um sorriso irônico que a mãe não compreendeu. A garota foi para o quarto e bateu a porta: para ela, aquela noite já tinha dado o que tinha que dar.

*

E por isso tudo, ele agora se arrependia. Abriu os olhos e olhou em volta outra vez, esperançoso. Mas nada. Não ia encontrar. Ligou para a namorada, mas ela desligou. Devia ter ficado chateada de verdade. Ou estava apenas se vingando. Respirou fundo e tomou coragem. Faria o que era preciso.

- D. Lúcia? – chamou ele com um tremor na voz.

A sogra demorou um pouco, mas sua voz chegou do outro lado da porta. – Tudo bem aí, meu filho?

- Ahn, é que...hum...Acabou o papel! – Não acreditava que estava dizendo isso. E depois de ouvir a risada da mulher e o som do segundo gol do time adversário, jurou para si mesmo duas coisas: nunca mais deixaria sua namorada com raiva ou voltaria àquele maldito restaurante e suas comidas apimentadas.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Merthiolate no joelho dos outros é refresco

Como dá pra conferir aqui embaixo, essa é a primeira das novidades que tenho pro blog: tirinhas feitas por mim. Seja o que Deus quiser.


Vê se aprende a ficar quieto agora

Comentem e mandem ideias.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Novidade

É com imenso prazer que venho anunciar aqui o meu primeiro texto escrito fora daqui. A Isabele Ribeiro, mente brilhante por trás do Xique Xique Blog, me convidou para escrever um conteúdo único e novo para ele. Não que ela precise disso para atrair novos visitantes porque ela já nasceu fera. Dança, estuda, trabalha, escreve, pinta, borda...Enfim, ela é multifacetada e eu suspeito pra falar alguma coisa.

Para quem ainda não conhece (deveria porque eu recomendo), no blog ela não só da dicas de moda como de lojas, espetáculos, tendências e todas essas coisinhas. Não é querendo puxar-saco, mas disso tudo aí ela tem cacife pra falar.

Não é porque eu vou escrever lá de vez em quando que vou deixar de escrever aqui. Pelo contrário, acho que isso vai me incentivar a escrever e postar mais. Estou com algumas ideias e estou aprendendo algumas coisas novas que devem aparecer aqui em breve. Toda vez que algum texto meu for para lá, aviso aqui, mas não deixem de acessar o XXBlog diariamente.

Os textos rarearam no semestre passado por causa da faculdade. Era difícil arranjar tempo pra pensar em outra coisa. O que vocês leêm em alguns minutos, eu levo algumas horas escrevendo. Nesse período as coisas melhoraram, então, pelo menos no começo, devo dar mais as caras por aqui.

Apenas mais uma de amor (13)

Nasceu um romântico e assim continuaria até o final dos seus dias. Não por escolha ou experiência próprias. Estava no sangue da sua família. Do pai até o pai do pai do pai... Todos foram maridos para esposa nenhuma botar defeito, mas o destino o pregara uma peça. Seus ancestrais viveram em tempos diferentes. As ideias e as mulheres eram outras. Quando chorou pela primeira vez, o mundo já era um lugar hostil e a sua espécie estava em extinção. Pregava então o destino uma nova peça. Herdara uma mutação daquelas que só aparecem de tantas em tantas gerações. De caça, passou a caçador.

Os pais perceberam logo cedo que o menino era único. Sua primeira palavra foi bejo e com ela conquistou beijos de todas que o pegavam no colo. Deu seus primeiros passos quando tentava colher algumas flores para as primas no quintal. Os tios riam das travessuras do moleque, mas o pai pensava de outra forma. Quem tivesse suas cabritas que prendesse, não seria ele que desistimularia o filho. Mas foi na escola que a sua lenda teve início. A primeira coisa que fez ao aprender a escrever, foi uma carta para cada coleguinha e uma especial para a professora. Foi nesse dia que surgiram as primeiras fãs e os primeiros amores platônicos. E ele só estava começando.

Dos corações que arrebatou, todos amou. Alguns por dias, outros por meses e raros por anos. Partiu e teve o seu partido todas as vezes. Ao menos foi eterno com cada uma que se apaixonou. Fez surpresas e mais suspresas, sem nunca esquecer datas especiais ou trocar nomes. Foi sempre bem recebido pelas sogras e ficou tão amigo dos sogros que ainda se reunem para assistir o jogo. Escutava sempre dos ex-sogros que eles ainda eram jovens e que o destino sabia o que estava fazendo. Se não deu certo foi porque não era pra ser e só não era pra ser porque o seu defeito era amar todas ao mesmo tempo. E que culpassem o destino por tê-lo feito daquele jeito.

As coisas eram muito fáceis. Mulheres têm um fraco por romantismo e ele sabia. A maioria desejava um homem carinhoso e atencioso do lado. Mesmo que isso significasse dividí-lo com outra. Já ele desejava obter novas conquistas. Foi atrás de mais um sim que escutou o primeiro não. Não quero, não vou com você, não venha atrás de mim, não apareça mais na minha casa. Largou todas para ir atrás dela. Mostrar que poderia ser bom se assim quisesse. Estava apenas esperando ela chegar. Alguém que não queria conquistá-lo, mas sim deixar-se conquistar. Nascera um romântico e assim continuaria até o final dos seus dias.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Filas de banco

Não importa a hora do dia ou a agência bancária que você entre, sempre existirá fileiras de cadeiras te esperando. Enquanto o mundo for capitalista, haverá sempre alguém que precise pagar ou receber dinheiro. Até mesmo os caixas automáticos, criados com a intenção de agilizar o processo, têm filas. Entretanto, o tempo que gastamos esperando é precioso. Vivemos uma era de rapidez e velocidade. Cada minuto tem um valor imenso. Então por que as pessoas desperdiçam o delas tentando engajar conversas triviais com estranhos?

Você entra no banco, pega a sua senha e percebe que ainda vai demorar um pouco. Como você é ocupado, procura um lugar que não tenha pessoas do lado para te atrapalhar e senta. É aí que você imagina que, apesar de estar parado no banco, seu tempo não será desperdiçado. Então você pega o seu material para estudar ou o notebook pra terminar as planinhas que precisa enviar para o seu chefe. No exato momento em que você começar, alguém sentará do seu lado e tentará puxar conversa.

Existem inúmeras outras pessoas dentro do banco, mas parece que elas não são interessantes o bastante. É como se você tivesse um gigante e luminoso letreiro preso às costas que convidasse os a vir conversar. E não adianta você fingir que não está ouvindo ou dizer que está ocupado, mesmo que você esteja com fones de ouvido. São brasileiros, não desistem nunca e sempre começam com coisas óbvias como a demora no atendimento ou a situação do tempo na cidade. Às vezes te cercam e começam a debater com você ali no meio tentando se concentrar. Param apenas para perguntar a sua opinião. Você, derrotado e já sem paciência, cede.

A conversa que você entra pende sempre para um desses assuntos: futebol, economia ou televisão. Afinal, somos uma nação de técnicos preocupados com o preço do feijão e com a vida dos outros. Só há um jeito de escapar que é um dos dois ser atendido. Ela ainda se despede como se fosse amiga de infância e você retribui com aquele sorrisinho amarelo. Para a sua felicidade, vocês não se encontrarão de novo, mas outra pessoa estará lá para substituí-lo com a mesma ladainha.


sábado, 30 de julho de 2011

Dia dos namorados

Mês passado foi dia dos namorados e nada de diferente apareceu aqui no blog, mas algo inusitado ocorreu no dia. Algo um tanto vergonhoso para mim, divertido para as crianças, diferente para os que ali estavam e especial para a minha namorada. Produziu efeitos diferentes em cada um dos que, de alguma forma, acabaram se envolvendo e, com toda certeza, ficará marcado na memória de muita gente.

Meu presente do dia dos namorados poderia ser considerado normal se fosse dado por outra pessoa, mas não por mim. Pela primeira vez, depois de vários namoros, iria dar e usar um anel de compromisso. Como esse seria um momento histórico na minha vida, resolvi que não deveria simplesmente me ajoelhar ou entregar assim, sem mais nem menos. Bolei todo um plano, liguei para várias pessoas e procurei muitas lojas. Tudo em segredo, sem deixar pistas. Estava tudo planejado e quase tudo pronto quando recebi uma notícia que mudaria muita coisa.

O aniversário do primo dela ia ser no domingo, dia dos namorados. Lá eu iria fazer uma surpresa para ela, mas o aniversário foi adiado porque disseram que comemorar antes dava azar. Azar pra mim,né?! Na mesma hora, bolei um outro plano que, no começo, pareceu impossível. A autorização que precisava do shopping me foi negada, regras da empresa. Para a minha sorte, Aracaju é uma cidade relativamente pequena e funciona na base do cqc: conhecer quem conheça. Com apenas uma ligação, superei o último obstáculo. Agora era só correr pro abraço. Literalmente.

Quem passou pela praça de alimentação nova do Shopping Jardins no dia 12/06/2011 deu de cara com uma pessoa fantasiada de coelho. Esse coelho era eu. É, coelho. Nada a ver com o dia dos namorados, mas era isso, a Hello Kity ou a Moranguinho. Fiquei na frente da lojinha de balas, assim, pensariam que eu trabalhava lá. Durante duas horas, fiquei dentro de uma fantasia que mais parecia uma estufa. Dancei e brinquei com quem passava, coloquei crianças no colo e tirei fotos, distribuí beijos e abraços, minha namorada passou por mim duas vezes e não me reconheceu. Me diverti e aproveitei todo o conforto que o anonimato me proporcionava.

Foi quando vi minha namorada e os meus cúmplices sentados, que peguei o bouquê que estava escondido e a caixa do anel e fui pulando e dançando até onde eles estavam, me ajoelhei, tirei a cabeça da fantasia e entreguei os presentes. Enquanto a praça de alimentação inteira batia palmas, filmava e tirava fotos, e ela resolvia se sorria ou chorava, perguntei se estava disposta a me aturar pro resto da vida. E não é que ela aceitou?

Algumas pessoas vieram nos dar parabéns e nos desejar felicidade, uma mulher me perguntou se "o coelhinho não tinha rabinho por que já tinham comido", uma adolescente bateu no namorado por não ter recebido o mesmo presente, as crianças não queriam mais saber de mim e a minha namorada queria me agarrar e não soltar nunca mais. Depois de tudo o que passei, ali sentado, olhando todas aquelas pessoas, todos aqueles casais, imaginei todas as histórias que ali se encontravam e depois em todas as histórias que se espalhavam pelo planeta naquele momento. Concluí que boa parte delas não seria contada no ano que vem pelos mais variados motivos. Desejei que a minha não fosse uma delas e sorri.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Engenharia como nunca civil (3)

Apesar de não entender muito bem a forma como as matérias da parte de desenho são dispostas, a aula de desenho arquitetônico foi das melhores desse período. Durante duas horas inteiras, o professor ficava sentado lá na frente enquanto a gente se virava projetando, desenhar é coisa de arquiteto e designer. Como não tinha aula propriamente dita, éramos livres para fazermos o que quiséssemos. Podiamos até mesmo conversar como se estivéssemos na mesa do bar. Se o professor não se incomodava, quem iria reclamar?

Em uma dessas aulas, um colega estava parado olhando para o seu projeto com um olhar pensativo. Então, começou a girar em torno da prancheta pensando no que iria fazer. O amigo dele, que estava na prancheta ao lado, não aguentou e foi até ele para saber o que estava acontecendo:

- Ei fófis, que é que você tanto pensa?
- Rapaz...Essa porta aqui do banheiro.
- Que é que tem ela?
- Na hora que ela abrir, vai bater na pia.
- Oxem, mermão, diminua ela então.
- Aí eu não vou passar na porta.
- E por que você não coloca uma porta de correr?
- Euuu, vai que eu não alcanço ela depois...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Apenas mais uma de amor (12)

Se fôssemos perguntar de porta em porta qual a coisa mais importante para um relacionamento, tenho certeza que a resposta mais escutada seria amor. Filmes, novelas, livros, em todos os lugares em que há romance, o amor nunca é esquecido. Seu espaço estará sempre guardado nos discursos de casamento e nas cartas dos enamorados. Sem ele, casais não se uniriam para formar uma família. É bem verdade que ele é um sentimento poderoso e universal, mas existe um que é mais forte e mais importante. Um que depende mais da pessoa que está com você, do que de você: a admiração.

O mundo está cheio de amores mal resolvidos. Casais que se separam, mas que ainda se amam. Por mais forte que esse amor ainda seja, eles não voltam atrás porque não sentem mais admiração um pelo outro. Ao contrário do amor, que demora pra nascer, porém demora a ser esquecido, a admiração surge tão rápida quanto desaparece. Sem ela, some a vontade de continuar lutando para que tudo que existe naquele relacionamento continue existindo. O problema é que isso não depende de você.

É possível amar uma pessoa sem que ela te dê motivos. O jeito dela, as qualidades, defeitos, características, personalidade, podem te atrair mesmo que essa pessoa não tenha essa intenção. Depende de você, vê-la ou não com outros olhos. Mas admirar é diferente, você precisa que ela faça alguma coisa, por menor que seja, para que algo dentro de você acorde, porém, basta ela fazer o oposto para que o sentimento volte a dormir dentro de você.

São promessas quebradas, atitudes contraditórias, traições descobertas e datas esquecidas. Tudo isso pode causar feridas que são saradas pelo amor, mas uma vez que fica uma cicatriz no lugar, as coisas podem nunca mais voltar a ser como eram. E aí, não existe amor no mundo que mantenha esse casal unido.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Engenharia como nunca civil (2)

Existem matérias em todos os cursos que os alunos, às vezes os próprios professores, não entendem bem a função delas na formação ou a razão para serem do jeito que são. Por exemplo, para vários engenharias, cálculo 1, 2 e 3 poderia ser uma única matéria: cálculo de áreas e volumes. As várias físicas e os seus laboratórios poderiam ter exemplos práticos para um engenheiro civil, e assim por diante. Enfim, são coisas que não serão alteradas somente porque desejo que o curso seja mais fácil. Porém, existem quatro matérias que realmente não entendo o funcionamento: expressão gráfica 1, desenho geométrico, expressão gráfica 2 e desenho arquitetônico.

Para as duas primeiras, tive que comprar a mais variada gama de materiais de desenho. Sempre vestindo a camisa do meu curso pra atendente não achar que eu fazia arquitetura. Aprendi a representar pontos, retas e planos em uma e a como desenhar sem a ajuda dos instrumentos na outra. Isso mesmo, você leu certo. Comprei todas aquelas tranqueiras para logo depois aprender a como me virar sem elas. Sem falar que ninguém representa ponto por ponto em um desenho e muito menos precisa saber qual é o tipo de reta que tá colocando na planta. No dia em que pararem de fabricar transferidores, compasso e escalímetro, e os clientes começarem a exigir números mínimos de retas oblíquas nos projetos das suas casas, elas serão úteis.

Como nem tudo no curso não tem sentido, eis que surgiu expressão gráfica 2 para colocar um pouco de senso nas matérias de desenho. Existe um programa, o qual só descobri na faculdade, que faz todo o desenho para você, contanto que você saiba manuseá-lo. Você não precisa daquela tralha em cima da mesa, nem se preocupar em borrar a folha, nem com a precisão do projeto, apenas em ter o programa no computador e saber utilizá-lo. Para mim, foi uma das maiores invenções do século. Uma verdadeira evolução. Aí veio desenho arquitetônico e ferrou tudo isso.

A gente aprende a desenhar de forma mais eficaz e mais eficiente para logo em seguida voltarmos a pré-história. Arquitetônico é igual a expressão 2, mas com lápis, papel e borracha. O motivo pra isso é: "Como você vai desenhar se não tiver um computador?". Essa é a pior desculpa possível. Talvez em 1990 ela fizesse sentido, mas agora não. Desenhar na mão um projeto, consome muito tempo. Tempo esse suficiente para arranjar um notebook e instalar o programa. Mas não, o professor tinha que ser arquiteto e inventar moda. Agora fico eu desenhando no feriado uma coisa que já poderia ter acabado no começo do semestre. Só engenheiro sabe a dor de cabeça que um arquiteto causa.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Trem da engenharia

Paródia feita em um momento pré-desespero enquanto estudávamos, mas que é a realidade da maioria dos alunos que pegam essa matéria:

Não posso estudar nem mais um minuto sem você
Sinto muito, professor, mas integral não pode ter
Como lá no RESUN,
Se eu perder R1
Nesse período agora,
Só no semestre que vem.

Além disso, professor,
Tem outra coisa,
Minha mãe não vai gostar
Se eu reprovar.

R1 não é a única,
Tenho outras para estudar.
E eu não posso estudar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ditadura militar

Quem nós somos já não importa, nem o quando e nem o onde. O que importa é que nos tiraram a identidade. Somos apenas mais uma das mazelas julgada pela sociedade. Em torno de nós um mito foi criado. Fomos julgados um bando de qualquer, desajustados, apenas mais um punhado de rebeldes sem causa.

Cada um de nós é um número, uma simples sequência pela qual nos reconhecem. Como se não bastasse as nossas identidades, tiraram também o nosso direito de lutar. Não podemos aceitar. Não, não. Pequeno exército revolucionário formado pelos exilados. Réus condenados sem julgamento. Não, não. Munidos do verbo, lutando para vencer o sistema. Ordem, progresso e prisão.

Filhos da Sociedade, criados por Ninguém. E retorna o filho pródigo, mas sua Mãe não o aceita de volta. Discórdia. Acha que cada um de nós é apenas mais um “Meu Guri” à espera do destino. Um destino único e comum a todos, mas com caminhos diferentes, impostos por ela. Queremos ter a opção de mudar de direção ao invés de continuarmos seguindo rumo a nossa morte certa e sofrida.

Se somos todos iguais, se somos todos irmãos, por que só os militares tomam conta da nação?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tipos de aluno - O calouro

Sempre pensei na diferença entre universidade e colégio como a relação entre a floresta amazônica e a mata atlântica: ambas são florestas tropicais, mas a biodiversidade que aquela apresenta é maior. Por mais que você encontre os mesmos elementos, alunos, professores e salas, só depois de aprovado no vestibular é que você perceberá a variedade de pessoas e lugares existentes. Depois que você conhece tudo isso, mesmo assim você ainda se sente perdido. Parece o mesmo lugar, mas as coisas mudaram. Até você se acostumar, parabéns, você será um calouro.

Ninguém quer ser calouro, mas acontece. É uma fase de transição na qual se aprende como as coisas funcionam de verdade. Mesmo que você passe anos lá dentro, você ainda poderá ser um. Depende das atitudes e decisões que você toma. Para começar, esqueça tudo o que você aprendeu na escola, eles mentiram para você. Não te prepararam para a universidade, apenas para o vestibular.

O que odeio neles é esse pensamento deturpado, oriundo da lavagem cerebral causada pelo vestibular. Todo calouro acha que é ele quem faz as notas e que os livros e exercícios são as únicas ferramentas que o ajudarão a fechar a prova. Isso não existe na faculdade. Será que eles nunca receberam a maldita corrente das "Coisas que aprendi na faculdade"? Sem falar que por conta dessa mentalidade, os veteranos que pegam matérias com eles sofrem junto. Isso porque calouro tem a mania de querer fazer tudo perfeitinho e de querer agradar. Se o professor falar que só vai dar aula se vier alguém, pode ter certeza que eles estarão lá e você ficará como o vagabundo da história.

Depois ainda ficam querendo saber o motivo de serem tão melados no dia do trote.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pensamentos diários (2)

- Seja esperto: na hora de escolher entre uma bicicleta e um irmão, fique com a bicicleta e peça um primo.

- Uma produtora brasileira transformará em filme um livro da Zibia Gasparetto. "Ninguém é de ninguém" foi comprado pela Brasileirinhas. Uma orgia espiritual.

- O que você faz nas calouradas e festas da faculdade, ecoam no seu vídeo de formatura.

- As pessoas não querem saber quem morreu, apenas se a data vai virar feriado.

- Perceba: em açougues, leilões, e churrascarias, sempre tem um ser que você não sabe se é gente ou boi.

- O Bolsonaro foi condenado por julgas as opções dos outros pela opinião pública que, por sua vez, julgou as opções dele.

- A união de uma turma é inversamente proporcional ao tempo de curso elevado ao número de colegas que perderam matéria.

- Estagiários são como programas da Microsoft: identifica um problema que ele causou, diz que ele mesmo vai resolver e volta logo em seguida dizendo que é melhor chamar um especialista.

- Não conseguir dançar é o de menos quando se tem dois pés esquerdos. Ruim mesmo deve ser o dobro de azar todos os dias.

- Faculdade é que nem sexo: não é porque você tem conhecimento teórico que será bom na prática.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Conhecimento: agradeça por ter



Pela falta de tempo, dois comentários apenas:
  • Com o Lula me consertando, eu preferia comer as mamonas e me matar.
  • Álcool também não é bom beber, mas vê se ele cospe.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Tempos de escola - Bullying

Na quarta série, hoje quinto ano, eu era um menino franzino e magrinho, assim como boa parte dos meus colegas. Entretanto, alguma coisa saiu muito errada no final daquele ano que eu voltei para a quinta série mais cheinho e com as bochechas mais arredondadas. Assim fiquei até a oitava série, quando comecei a gostar de uma colega e emagreci por vaidade.

Naquela época, primos, amigos e até mesmo o meu pai, me sacaneavam quando tinham a oportunidade. Nunca cheguei a ser obeso e nem fiquei muito acima do meu peso, mas isso não importava muito. Pros meus amigos eu estava em fase de crescimento lateral, para as minhas tias eu estava fofinho e, pro meu pai, gordo só prestava boi e vaca. Assim como eu, vários outros passavam pela mesma coisa diariamente. Ninguém nunca foi agredido fisicamente por ser diferente e, até onde eu saiba, ninguém teve danos psicológicos. Pelo contrário, de tanto me encherem o saco, emagreci e emagreci até mais do que o necessário, mas coisas mudaram e até a brincadeira mudou de nome. Virou até crime.

Não acredito que as coisas tenham mudado muito desde o meu tempo. Meu irmão mais novo passa pelo mesmo que passei e com um bônus: eu. Ao invés de ficar trancado dentro do quarto chorando deprimido e escutando restart enquanto pensa em matar metade da família, ele vai pra escola e se diverte como toda criança normal. O problema não está nas relações entre as crianças, mas nas relações entre pais e filhos:



Pais superprotetores estão arruinando geração atrás de geração. Eles tomam as dores do filhos e controlam tudo que eles fazem. Se a criança briga com um amigo, a amizade tá proibida. Se botarem apelido nela, tem que contar pra "tia". Será que não percebem que isso só piora? Eles sempre se resolvem entre eles, e, se não se resolverem, aí sim deve ser procurada a ajuda de um adulto. Tanto se entendem que, na primeira série, briguei com um colega que hoje é como um irmão pra mim. Foi o meu pai que me ensinou as duas regras básicas de sobrevivência que me levaram, sem traumas, até a sexta série:
  • Nunca arrume confusão.
  • Nunca volte apanhado pra casa.
Era olho por olho e dente por dente, mas pelo menos a gente brincava em paz.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Classificar pra quê?

Negro, branco, amarelo, mulato, albino, caboclo, indígena e pardo. Jovem, adulto e idoso. Capitalista, socialista e anarquista. Evolucionista, criacionista e panspermista. Homo, bi e trisexual. Americano, asiático, europeu, africano e oceânico. Católico, muçulmano, budista, evangélico, ateu, hindu, agnóstico, mórmon, evangélico, judeu, testemunha de Jeová, umbandista e wicca. Rico e pobre, alto e baixo, gordo e magro, doente e sadio, careca e cabeludo, sortudo e azarado. Deus é onipresente e reside em cada um de nós. Isso nos faz iguais em todos os sentidos. Não importa como você enxerga as outras pessoas, seres humanos serão sempre seres humanos, e, o que nos une, é o medo da morte.

Alguns acreditam em vida após a morte, outros em reencarnação, em céu e inferno, em Dia do Julgamento e outros não acreditam em nada disso. Cada um com o seu modo de alcançar as graças do seu salvador. Porém, importa tanto assim saber o que vai acontecer com a nossa alma depois que ela abandonar o nosso corpo? Ou melhor, importa tanto julgar o que é certo e o que é errado e condenar o próximo por ele ser, pensar e agir diferente?



O problema do mundo é a intolerância e o fanatismo, afinal, todas as religiões têm o amor ao próximo como salvação. O caminho que você toma não importa, pois, todos levam ao mesmo lugar. Amando mais uns aos outros, sem pensarmos em quem nos aconselhou a fazer isso, dando valor à mensagem e não ao mensageiro, alcançaremos a tão sonhada paz.

"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus (João, 1-4)".

terça-feira, 5 de abril de 2011

Tempos de escola - Dissertações

Todos os anos, na Amazônia, milhares de hectares de floresta são derrubados ou queimados de forma ilegal. A madeira derrubada irá para a indústria e, as áreas queimadas, serão transformadas em pastos. De um jeito ou de outro, a fauna e a flora originais serão destruídas. E a população local, como fica?

Enquanto grandes fazendeiros e grandes empresários ganham rios de dinheiro sem se preocupar com a floresta, a população local tenta proteger a mata, mesmo vivendo na miséria. Esses guardiões da mata, vivem do que a natureza oferece e com menos de dois reais por dia. Acima de tudo, eles exploram a floresta sem destruir, por que aqueles não conseguem?

As derrubadas devem ser feitas após um longo estudo da área a ser explorada, pois, só assim o reflorestamento será feito da forma correta. Para facilitar os estudos, nada melhor do que contar com a ajuda de quem conhece a região: a população local. Empresas como a Natura estão aí para provar que essa união realmente funciona. Ela forma cooperativas com os moradores da região para extrair produtos naturais e, depois, divide o lucro com eles.

Tudo aquilo que é desmatado, deve ser devolvido posteriormente para que não ocorra um desequilíbrio na região. A Amazônia é uma das nossas maiores riquezas, mas é uma riqueza que deve ser aproveitada de maneira consciente.

terça-feira, 29 de março de 2011

Pensamentos diários

- Moisés levou 40 anos pra chegar na terra prometida porque era homem, se fosse mulher ele tinha orado e pedido informações.

- A Maria Bethânia recebeu autorização para captar R$1,3 milhão para o seu blog. Até que saiu barato, apenas R$ 1.00 por ano de vida.

- Reflita: Por que todo professor diz que as notas só dependem do aluno se é ele que coloca a nota.

- Faculdade é como religião, te falam mentiras para que você compreenda mais fácil.

- A vida social de um aluno de engenharia civil é inversamente proporcional ao período em que ele se encontra.

- "Agora só quem chupa sou eu" - Wesley após dar uma conferida no twitter dos fãs.

- Na UFS, até os arrombadores de carro são de baixa qualidade. De duas uma, reitor, ou melhora a segurança, ou qualifica os marginais.

- Não se sente mais nervoso ou preocupado com o que estão pensando ao seu respeito quando você entra na fila do caixa com uma Playboy? Sente saudades daquele friozinho na barriga? Já se sente o machão? Sai pra comprar a com o ensaio da Ariadna que eu quero ver.

- O médico foi dar a notícia ao jovem de que ele havia ficado paralítico e aproveitou para recomendar um ótimo livro de auto-ajuda: Johnnie Walker.

- Fazer da cunhada, amante, é uma das formas de ter duas mulheres pelo preço de uma sogra. A outra é um ménage à trois com siamesas.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A culpa não é nossa

Nada está tão na moda quanto a preservação do planeta. Tudo que acontece no mundo é culpa do aquecimento que, por sua vez, dizem que é culpa nossa. Os terremotos ficaram mais fortes e constantes, enchentes e tsunamis começaram a se tornar mais frequentes e o calor é cada vez maior. Os cientistas se dividem, mas não chegam a uma conclusão: somos responsáveis ou não? Enquanto eles discutem entre si, escolhi no que acreditar:


A prepotência e a arrogância nos trouxeram até aqui.

domingo, 13 de março de 2011

Sete pecados - Orgulho

Nasci quando o primeiro ser vivo morreu e viverei enquanto houver vida. Nada escapava de mim, tudo que respirava estava fadado a encontrar-se comigo. Não importava quanto tempo iria levar, todos seriam levados por mim até o Styx. Não existia ser vivo que não temesse mais a mim do que a Deus, eu era o mais adorado. Lúcifer era um tolo, não cometi o mesmo erro que ele. Ser o Todo Poderoso nunca foi o meu objetivo, era maior que Ele. Animal ou vegetal, a criação tornava-se efêmera nas minhas mãos, principalmente os humanos. Mortais feitos à Sua imagem e semelhança. Todos eles eram tementes ao desconhecido. Eram. As coisas mudaram.

No meu ramo, existe apenas uma regra que não pode ser quebrada. É ela que mantém a ordem do mundo no seu devido lugar. Se um nome aparece na lista, ele deve ser apagado. Para isso, não importa quanto tempo leve ou o método utilizado, contanto que só o encontre cara a cara, apenas uma vez. Ninguém se encontra comigo e sobrevive. Correm, fogem, tentam se esconder, em vão. Sou onipresente e onipotente. Lenta ou rápida, com ou sem dor, vermelha ou seca, tanto faz, eles devem morrer e eu tenho que me certificar disso. Não fosse a minha soberba, a minha relação com a criação, teria permanecido imutável.

Quando os três nomes apareceram, pensei que fosse ter um serviço simples. Não notei que caminhava para o meu abismo. Decidi levá-los de forma simples, nada muito trabalhoso. Crucifiquei-os no Gólgota, judeus e romanos como testemunhas. Esperei ao fundo, até que o do meio deu sinais de que não aguentava mais. Proferiu suas últimas palavras e olhou-me nos olhos. Ele sabia quem eu era, todos sabem, todos sentem quando encontram comigo. Vi que ele sorria para mim, mas não dei valor. Cada um expressa o medo da forma que quer. Fez a parte dele quando deu o último suspiro, fiz a minha quando caminhei até ele e perfurei-o com a minha lança.

Três dias depois, o nome dele reapareceu na minha lista. Iezus Nazarenus estava vivo novamente. Ele me vencera, morreu como mortal para que eu não notasse. O filho do Criador veio com a missão de mostrar quem estava no poder. Os humanos perderam o medo, tornaram-se tementes à Deus. Levá-los não é mais tão prazeroso, arrependem-se e confortam-se com as suas orações. Porém, as palavras estão perdendo o sentimento que havia por trás delas. As criaturas estão próximas de me vencer. Me dão mais trabalho para levá-los embora e, quando não mais conseguir levá-los, a quem temerão?

quarta-feira, 2 de março de 2011

O ser humano precisa morrer

Os primeiros homo sapiens caminhavam pela face do planeta por no máximo quarenta anos. Eram tempos difíceis. Entretanto, sobrevivemos e evoluimos. Aldeias viraram povoados, cidades, nações, países, não podíamos parar. Nada freia o crescimento do homem. A seleção natural e o controle de natalidade eram feito pelas guerras e pelas doenças, mas isso tudo ficou no passado. Vivemos um tempo de relativa paz e, se não podemos curar, ao menos prolongamos o inevitável. Alteramos o nosso destino.

A expectativa de vida do ser humano nunca foi tão alta. Criamos vacinas e remédios para curar as nossas doenças, descobrimos formas de evitar acidentes e nos proteger, enfim, aprendemos a cuidar de nós mesmos para que o nosso tempo na Terra se prolongue. Cada ano que passa vem cheio de novas pesquisas e avanços que nos ajudarão a adiar a morte, única certeza que temos na vida. Os cientistas estão otimistas, chegaremos fácil e com vitalidade aos cem anos. Mas não deveríamos.

Com menos pessoas morrendo e mais pessoas vivendo por um tempo maior que o esperado, acabaremos superlotando o nosso planeta. As previsões indicam que, em algumas décadas, o planeta atingira a sua capacidade máxima, ou seja, se já temos milhares de famílias morrendo de fome no mundo, se continuarmos do jeito que estamos, poderemos ter milhões ou até mesmo bilhões de famílias nessa situação. Viveremos mais, mas mão melhor.

A verdade é que temos medo de envelhecer e morrer. Tratamos a velhice como uma pandemia e queremos vencer a morte. Claro que temos o direito de chegar aos oitenta com saúde e disposição, porém, devemos nos conformar que a vida nada mais é do que uma renovação. Para que algumas pessoas nasçam, outras devem dar lugar a elas. É convivendo com a certeza de que amanhã poderemos não estar mais aqui que vivemos cada dia como se fosse o último. Podemos até não ter corpos imortais, mas vivemos eternamente na memória daqueles que ficam.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sete pecados - Ira

Eram quase onze horas quando o telefone tocou no meu quarto. O recepcionista avisou que dois dos meus oficiais chegavam para a reunião. Os negócios estavam mal. O número de territórios perdidos só aumentava. Tive até que me mudar para a cobertura de um hotel para fugir dos atentados que tornaram-se frequentes. Em pouco menos de três meses, o meu poder não era nem um quarto do que fora, mas a minha Gomorrah não iria ser destruída assim tão fácil. Muito menos por um filho da puta que fazia questão de escrever Angel of Sodom por toda a cidade. Mandei que subissem, o gerente não queria pessoas cheias de cicatrizes pelo salão.

Não o reconheci quando entrou no quarto, mas soube quem era assim que os nossos olhos se encontraram. Era grande e forte, mas não era dois, nem mesmo um dos meus homens. Apesar do rosto um pouco desfigurado, estava vivo. Não devia, estava morto. Morrera no meu lugar. Usei o inútil de isca para fugir de uma cilada e agora ele estava diante de mim. Vivo e com uma glock na mão. O merdinha estava de volta. O bom filho à casa retorna. Nele não sobrara nada do cagão de dezessete anos atrás, apenas o olhar que adotara após a morte da mãe.

Tudo o que eu queria era criar um filho que cuidasse do meu império. Alguém que eu pudesse confiar pra assumir na minha ausência. Entretanto, o destino me foi cruel, mandou um bostinha. Não existia criatura mais incapaz e sem vontade do que ele para me substituir. Peguei nojo. Toda a minha frustração descontava na mãe dele. Nem assim ele reagia, se encolhia num dos cantos e chorava. Reagiu apenas no dia em que me descontrolei. Ele estava na cozinha quando escutou os gritos da mãe na sala. Quando chegou, não tinha mais barulho algum. Depois disso, não mais chorou, pelo contrário, vivia me olhando. Não me dirigia uma palavra sequer, mas os seus olhos diziam que a vingança não tardaria. Como no meu ramo fica de pé quem atira primeiro, usei o idiotinha e resolvi dois problemas com uma coronhada só.

Como o tempo muda as coisas, antes o olhava de cima e agora tenho que levantar a cabeça para encará-lo. O escrotinho mandou uma bala em cada perna assim que abri a boca. Caí no chão e fiquei deitado agonizando. Disparou mais duas vezes, uma em cada braço. Em poucos segundos, meus órgãos entraram em falência por causa da hemorragia. Antes do último suspiro, ele se abaixou ao meu lado e se aproximou. Quem é o merdinha agora? Atrás dele, desenhado com o meu sangue, estava escrito Angel of Sodom.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Apenas mais uma de amor (11)

Vontade mundana que desperta,
Frente à presença da desconhecida.
Do experiente a alma devora,
Da inocente a mente aturdida.

Diante do pecado que aflora,
Reage antes que mane sentimento:
Fecha as portas para a tentação,
Foge da coisa de momento.

Exorcizado o medo da ilusão,
Acredita o cavaleiro que tem o controle.
Enganava-se pois tola não era a donzela,
Que protegia o seu coração na torre.

A mão que avança sem cautela,
Deixa a morte levar um pedaço.
O luto que não impede a luta,
A vitória com a ajuda do acaso.

Escapa da boca a paixão sem culpa,
Seguida do pedido de namoro planejado.
A busca da perfeição que promete,
Acompanhada pelo amor elucidado.

Amor pelo olhar que mesmo calado conhece,
Acostumado pelas manias do cúmplice.
Pelo sorriso por baixo do lábio carnudo,
Pelo corpo que ao dele moldava-se.

Abrem-se as cortinas após o prelúdio,
Mostra o destino seu melhor trabalho.
Do final da peça, os dois sabem nada,
Assistirão com calma, ato por ato.

Metade de um ano que se passa,
Pelo caminho fica o amor escrito.
Fruto de mentes ensandecidas,
Do desejo outrora proibido.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Culpa

Aracaju, algum dia-algum mês-2030.

15hs.




A cidade quase que completamente deserta abriga um casal de meia idade sentados sobre um grande lençol no que outrora foi o gramado do Parque da Sementeira. Outrora, pois hoje nada resta além do chão seco e das peças do que também já fora uma construtora. Sim, entre 2020 e 2021 o espaço que era do parque foi vendido para uma grande construtora que colocou ali sua sede, mas não deu certo e a empresa veio a falência alguns anos mais tarde.

Sentados ali, o casal com seus 40 e poucos anos lembravam...

*

No shopping da cidade, nesse mesmo horário, a quantidade de pessoas ali presentes sufocava umas as outras na ínfima tentativa de estar num lugar fresco, um dos poucos lugares que ainda conseguiam manter ar-condicionado.

A partir do século XXI, o uso desse aparelho deixou de ser luxo para se tornar conforto, com os passar dos anos, de conforto chegou a ser necessidade e mais perto da data atual, raridade de poucos. O que acontecera é que a grande procura causara uma pane nas empresas que forneciam os produtos, e a falta de matéria-prima ajudou a criação da lei que agora vigorava permitindo que apenas locais públicos tivessem o aparelho.

Então cada vez mais pessoas se deslocavam quase que diariamente para esses locais, na tentativa de diminuir o calor que assolava a cidade, o estado, o país...o mundo. O problema é que a quantidade de gente ali não permitia que o efeito dos condicionadores de ar fosse meramente percebido...e o calor aumentava.

*

Os aeroportos fechados por falta de empresas aéreas. Os poucos países que ainda se mantinham “saudáveis”, ou seja, não afetados pelas mudanças climáticas e outros problemas que deixaram grande parto do planeta morto, não aceitavam estrangeiros: tinham medo de que provocassem em seus países, suas fortalezas, o mesmo que fizeram em suas pátrias.

*

De volta ao parque...o homem olhava o que um dia já fora um lago, lembrava de como eram as tardes que passava ali, olhando a paisagem, sem dar valor ao que via. Lembrou de como as coisas foram mudando, como as pessoas culpavam o governo, exigiam resolução dos problemas, mas nada faziam...ninguém.

A mulher lembrou como acharam uma grande ideia trocar o parque por uma construtora...evolução! Engano.

As coisas mudaram, pioraram, e ninguém percebeu até que já era tarde demais. Nada agora podia ser feito.

Deitaram-se. Sentiram o rosto queimar pelo sol forte. A temperatura de 53º não permitia a menor brisa. Poucos segundos com as costas no chão sentiam a pele queimar. Era o fim. E a culpa...era deles. De todos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Da Guerra Fria às bandas coloridas

Com o fim da Guerra Fria, o mundo deixou de ser bipolar e passou a ser globalizado. Nessa época, os meios de comunicação já estavam tão desenvolvidos que, conhecer outras culturas, deixou de ser possibilidade para ser necessidade. Com o passar dos anos, ela começou a exigir mais e em um espaço menor de tempo, coisas para as quais os livros não estavam preparados. Nesse mesmo período, começou a se popularizar as duas criações que iriam mudar a história da humanidade: o computador pessoal e a internet.

Diferente dos livros e revistas, a internet tem uma grande quantidade de informações ao alcance de um clique. Sites que funcionam com o conceito wiki, á exemplo do Wikipédia, funcionam como verdadeiras bibliotecas. Entretanto, com a vantagem de ter uma capacidade ilimitada para armazenar informações. Soma-se a isso a possibilidade de atualizá-las a todo momento. O problema é que passamos a utilizá-la da forma errada.

Na sua versão 2.0, a web viu surgir dentro dela os sites de relacionamentos e compartilhamento de vídeos. Foi aqui que as coisas começaram a sair dos eixos. Qualquer pessoa, repito, qualquer pessoa passa a ter, ao alcance de um clique, a chance de ser famosa. Sabe a sua secretária que se acha a Joelma do Calypso? Tá lá. E aquele seu primo gordo que faz gordice? Tá lá também. A sua filha disse que vai dormir na casa da amiga? Relaxa, amanhã você vê e revê o vídeo dela vomitando e pegando todos na festa. Tudo o que as pessoas fazem elas querem que os outros saibam e vejam. Claro, não adianta só falar se não pode provar. Claro que tudo isso é engraçado, com exceção da sua filha, mas quem de nós diria que algo ali daria errado? Pois deu.

No começo, as gravadoras separavam o joio do trigo, decidiam quem era bom e acolhido pelo público e investiam neles. Com a inclusão digital e a internet 2.0, as coisas mudaram, as bandas começaram a colocar músicas suas nela e as pessoas começaram a dizer o que era bom e o que era ruim. Dessa forma, as gravadoras passam a saber o que irá e o que não irá dar retorno. Porém, nem tudo que dá lucro presta. Essas bandinhas coloridinhas são a prova disso tudo.

Sem os sites como o Youtube e o Myspace, esse povo nunca teria a oportunidade de sair da garagem. Não antes do vizinho tocar fogo nela. Só que eles sairam. As menininhas apaixonadinhas que tiveram os seus corações partidos e não acreditavam mais nos homens e no amor, renderam-se a elas. Antes você era o cara quando pegava o violão e tocava Exagerado, Palpite, Apenas mais uma de amor ou qualquer música sertaneja. Isso sim era romantismo, mas mulher mal amada é o mal do mundo. Os moleques, sem saída, seguiram a onda e cá estamos nós. Creio que está mais do que na hora de classificar todas essas bandas como pornografia. Afinal, estão fodendo toda uma geração bem na nossa frente.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sete pecados - Inveja

Nasceram juntos, mas a natureza não permitiu que nascessem ao mesmo tempo. Primeiro surgiu Eduardo, depois veio Marcelo, seguiu-se o primeiro choro de ambos e depois a paz, por último, apenas a discórdia. O caçula nunca aceitaria o fato de não ter sido o mais velho.

Desde pequenos, as brigas fizeram parte da rotina dos gêmeos. O primogênito sempre vítima, moleque calmo que vivia sendo perturbado pelo irmão. Marcelo fazia isso para magoar o coitado e atrair a atenção dos pais toda para si. Via os seus planos irem por água abaixo quando todos ficavam contra ele. Essas frustrações não o desanimavam, apenas alimentavam seu espírito vingativo.

A cobiça começou a tomar conta da sua cabeça. Dia e noite, noite e dia, até o seu último suspiro. Mesmo sendo gêmeo idêntico do Eduardo e ter ganho as mesmas coisas, queria ser bonito, bem vestido, falar inglês, ter vários amigos e namorar as mais lindas como o irmão. Seguia os passos dele na tentativa de mostrar que conseguia fazer melhor. Chegou ao ponto de nem conseguir mais concentrar-se direito, apenas pensando nele. A única certeza era a de que só sossegaria ao final do último suspiro do mais velho.

Aconteceu quando estavam morando juntos e fazendo faculdade fora. Dudu saiu primeiro e voltaria apenas na hora do jantar. Assim que ele saiu, a Oportunidade bateu na porta do apartamento e Marcelo decidiu que estava na hora de deixá-la entrar. Confabularam por alguns instantes e resolveram envenená-lo no jantar. Compraram tudo do bom e do melhor, preparam um jantar belo, gostoso e letal. Em algumas horas estaria tudo resolvido. E se resolveu.

Quando entrou no apartamento, percebeu que havia algo estranho, estava quieto demais. Correu até a cozinha para encontrar o seu gêmeo morto no chão. A boca e o prato sobre a mesa ainda cheios. Depois da autópsia e de terminada as investigações, conclui-se que Marcelo não se conformara com um jantar tão bem preparado apenas para o irmão e resolveu comer antes que ele chegasse. Na volta para casa, lembrou dos momentos que passaram juntos e da força de vontade que ele tinha para superá-lo. Sentiu inveja.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Apenas mais uma de amor (10)

O frio do inverno começava a se fazer presente, mas o clima permanecia agradável. O céu estava azul depois de uma noite inteira de forte chuva. Crianças jogavam bola em um campinho próximo enquanto pessoas de diferentes idades caminhavam pela rua de paralelepípedo, todas indiferentes à minha presença, exceto a única que fazia diferença para mim. Estava tudo acabado.

Estava tudo terminado. Dois meses de conversas até o galo cacarejar e o dia nascer, de mensagens de boa noite e apelidos sugestivos. Era eu Maior Problema e ela Dois Foras, apelidos que não fariam mais sentido algum. Não sabia nem por onde começar a esquecer, fazer de conta que aquilo tinha sido uma ilusão. Talvez até tivesse sido e só estava descobrindo isso agora. Dançar sem música no meio da rua na tentativa de conquistá-la parecia tão surreal naquele momento quanto no dia em que realmente aconteceu. Grande loucura, porém, foi o que despertou algo dentro dela. Bom, não iria importar mais. Finis, finito.

Ela me viu com outra, vi que ela tinha visto. Se tivesse pensado um pouco, não teria feito o que fiz. Não fosse o homem que sou, teria culpado o álcool, mas correria o risco de não ser amparado por ele agora que precisaria afogar as mágoas. O amor que crescia fora estancado pela minha burrice apenas. Aqueles lábios carnudos não mais seriam meus, o castanho esverdeado dos meus nunca mais encontrariam o castanho azulado dos dela, seus sorrisos não encontrariam graça nas minhas palavras, seus cabelos não esvoaçariam no banco do passageiro, seus quadris rebolariam no meio daqueles carniceiros sem proteção e as minhas mãos teriam que se acostumar sem as suas coxas de alabastro. Não por falta de tentativa, contei a história e pedi desculpas, fui burro e insensato. Sorte temos nós, os pecadores, que não esperam perdão. Ponto final.

*
Deitados na minha cama, abraçados, conversamos sobre como a intensidade fala mais alto que o tempo. Os cinco meses de Cronos que parecem cinco anos de Afrodite. A ordem que surgiu daquele caos não fora prevista e nem estava clara para nenhum de nós. Tudo fica bem quando acaba bem. Ela estava ali e eu quero que ela fique. Sei que errei, mas errei mais feio ainda quando pensei que aquele ponto seria final. Ponto continuando.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Sonho de liberdade

No nordeste dos Estados Unidos, existia uma pequena propriedade dedicada à plantação de maçãs. Paul era quem cuidava delas junto com a mulher e um filho, mas o papel dele não será importante agora. As macieiras tinham duas opções que variavam de acordo com qual lado da cerca elas nasciam. Davam frutos vermelhos se nasciam do lado esquerdo e verdes quando brotavam do lado direito. Elisabeth nascera do esquerdo.

Desde pequena, quando ainda germinava e não entendia nada do mundo e do planeta em que estava, sentia-se diferente. Cresceu com essa sensação estranha. Teve a confirmação que precisava quando viu a cor das suas maçãs. Vermelho? Não existia cor mais feia e fora de moda. Aquela não era cor para ela. Queria algo mais, diferente e que a destacasse das demais. Ela nascera pra brilhar no meio de toda aquela cafonice. Não adiantou em nada a tentativa das amigas de tirar aquela ideia da cabeça dela. Macieira do lado esquerdo só tem essa opção, reclamasse ela com o fazendeiro. Ela apenas ria e sonhava.

Como vocês bem sabem, em fazenda pequena a fofoca corre rápido. Em pouco tempo, o pomar inteiro sabia que havia uma sonhadora. Uma assanhada, isso sim. Ela de espécie de família querendo se misturar com outras espécies quaisquer. Não naquele pomar. Entretanto, Lisa, como era carinhosamente conhecida, já estava decidida. Na próxima safra ela apresentaria novas cores.

Na primeira, o máximo que ela conseguiu foi deixar as maçãs menos vermelhas. Na segunda, algumas poucas ficaram metade verdes e metade amarelas. Na terceira, metade delas estava verde. Só na quarta ela conseguiu mudar a cor e o gosto de todas. Pena essa não ser uma história com final feliz. Queria encerrar aqui e contar que Lisa viveu por muitos anos feliz e do jeito que sonhou, mas não foi assim que as coisas aconteceram.

Paul era agricultor formado no campo e com especialização no seu pomar. Conhecia cada árvore e cuidava de cada uma delas. Quando percebeu que a coloração dos frutos de uma delas estava diferente, fez o diagnóstico e a medicou. Safra após safra, ele cuidou dela sem muitos resultados. Na quarta, após ter diagnosticado o problema, desistiu. Estavam todos os frutos verdes e nenhum dos pesticidas adiantou. Foi com grande pesar que ele pegou a serra, cortou a macieira e arrancou a raiz. Teve que ser assim, antes que as outras fossem contaminadas e ele falisse.

Ao menos fora livre uma vez na vida.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Amor?

Perguntaram-na uma vez o que é o amor. Ela não soube responder. Em sua vida já tinha vivido emoções que julgava ser amor, mas foram todas passageiras, inexplicavelmente esquecidas. Não exatamente esquecidas, mas mudaram de alguma forma.

10 anos. Caio. Ele mal sabia de sua existência, mas para ela era como se seu príncipe encantado chegasse todos os dias na escola. Olhava-o de longe, admirava-o. Quase uma paixão platônica. Beijou-o. E o que parecia ser amor, acabou. Foi embora e o esqueceu.

13 anos. Artur. Um garoto bonito, gentil e que a tratava como uma princesa. Namoraram por alguns meses...se apaixonaram. Por conta da idade, o namoro não pode continuar. O sofrimento parecia sem fim, era como se uma parte importante dela tivesse sido arrancada. O amor ia embora. A amizade continuou.

14 anos. Artur começa a namorar outra. Ela não sente nada, raiva, rancor ou tristeza. Já o havia esquecido. E o amor?

16 anos. Daniel. Depois de alguns anos e garotos sem maior importância, ele aparece para conquistar seu coração. Chega devagar e vai cobrindo todas as lacunas, parece perfeito. Namoram, se apaixonam. Ele diz que a ama, ela tem certeza de que a recíproca é verdadeira.
Brigas. Términos. Reconciliações. Quatro anos se passam. A relação fica indefinida. Ela não o quer mais, mas não consegue esquecê-lo. Tem medo de estar fazendo escolhas erradas. E se...ah...o amor...

20 anos. Artur. Aquele que havia marcado tanto, volta. Pede para que voltem a ficar, quer tentar de novo agora que a idade não os impede. Ela diz que não...já não sente nada por ele. Mas não era amor?

20 anos. Daniel. Brigas. Encontros. Desencontros. Eu te amo. Eu te odeio. Ela começa a pensar: “O que é o amor? Algo intenso e passageiro? Ou eterno?”

Quando descobriremos o amor? E mais importante...quando descobriremos que é, verdadeiramente, amor?