quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sete pecados - Luxúria

Pela manhã ela era Isaura, dona de uma loja de roupas no centro da cidade, divorciada, mãe de um casal de gêmeos, a separação logo após o nascimento. Pela noite ela era a insaciável Scarlet, dançarina de pole dance, seios fartos saltando do espartilho, estrias da gravidez mascaradas pela luz vermelha, mas isso era apenas um hobby.

Fosse Isaura ou Scarlet, ela desejava todos os olhares. Homens que desejavam aquele corpo sedutor deitado em suas camas, chamando pelos seus nomes entre gemidos e suspiros. Mulheres que a invejavam por ter um corpo tão formoso mesmo após ter posto no mundo duas crianças. Gostava tanto de imaginar todas aquelas pessoas com o olhar preso nela que só gozava pensando nelas.

Não tinha jeito. Podia ser negro, branco ou amarelo, pequeno, médio ou grande, grosso ou fino, romântico ou selvagen, vibrante ou não, se ela não conseguisse visualizar aqueles olhares ela não tinha orgasmos. Nenhum deles nunca se decepcionou por não ter feito seu serviço direito, mesmo ela pagando por cada um. Muito menos ela os culpava, o problema era com a imaginação dela. Nunca ligou para reclamar de nenhum e até mesmo dava nova chance aos que falhavam.

Só descobriu o que faltava na sua cama quando se separou do marido e começou a notar as olhadas que os homens do prédio davam. Por um tempo, a imagem deles foi suficiente, mas ela queria mais, muito mais. Foi aí que surgiu a ideia de trabalhar pela noite para variar o cardápio. E assim viveu a sua vida, conquistando olhares pela noite e dinheiro para comprar vibradores pela manhã. Não gostava de ser observada nos momentos de prazer.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Já é Natal (2)

Faltam pouco para o dia mais esperado do ano. Povos de todos os continentes comemoram da sua própria maneira a data. Em alguns lugares vemos desfiles, grandes festas e shows pirotécnicos pra celebrar o Natal. Em todos os continentes as pessoas festejam, só não sabem o por quê.

Quando era pequeno, descobri de uma maneira bastante dolorosa que o papai Noel, o coelho da Páscoa e a fada dos dentes não existiam, cada um na sua hora. Depois disso, achei que a vida nunca mais iria me enganar. Acreditava que nada e nem ninguém poderiam me iludir novamente. É claro que eu ainda não sabia o que era amor, mas isso não vem ao caso agora. Como não é de se estranhar, me ludibriaram outra vez. Eu e todos vocês.

Se eu perguntasse agora, valendo tudo ou nada, o que é que comemoramos no Natal, a maioria esmagadora diria que essa é uma pergunta fácil, idiota e que o motivo de tanta festa é o nascimento do menino Jesus. Parabéns, você está errado. Antes de se sentir indignado, ultrajado e sair para convocar uma turba furiosa com tochas e forcados para caçar um herege enviado pelo Satanás, deixe me perguntar duas coisas: em qual Bíblia e em qual passagem você encontrou a data de nascimento do Salvador? Ou você só acredita por que lhe disseram? Ninguém sabe quando Ele nasceu, em nenhum momento as escrituras sagradas indicam o dia em que Cristo veio ao mundo. O dia 25 realmente é uma data muito especial, mas não para os cristãos.

No Natal, acontece o solstício de inverno. Nessa data, os povos pagãos celebravam o Deus Sol. Esses povos foram conquistados por civilizações cristãs e, para facilitar a transição entre uma religião e outra, a Igreja decidiu que as comemorações continuariam, porém, por outros motivos. Desde então, geração após geração, especial de Natal após especial de Natal, as pessoas continuaram a disseminar essa mentira sem que nenhum de nós questionasse. E você se achando o espertão por ganhar presente no aniversário dos outros, né?

domingo, 12 de dezembro de 2010

Já é Natal

Foi em Dezembro do ano passado que fiz um post sobre o bom e velho amigo secreto. O tempo passou tão rápido que já está na hora de falar sobre o Natal de novo. Calma, nada de post sobre amigo secreto de novo. Afinal, presente de grego, só na festinha do dia vinte e quatro.

Estamos prestes a completar a primeira década do segundo milênio depois de Cristo aqui no nosso planetinha azul. Se você tem um emprego correto, por pior que seja ele ou o seu chefe, você já deve ter recebido o seu décimo terceiro ou pelo menos já pensou no destino que ele terá. Como você não deve ser o Eike Batista, mas se for aceito doações, esse dinheiro extra chegou pra aliviar a sua situação. Com ele você poderá quitar as dívidas que já fez comprando presentes para poder adquirir, adivinhem, mais presentes. Quem se importa? É Natal mesmo e você só pensará nisso depois do Carnaval quando vencerá a primeira parcela.

A ideia de trocar presentes no Natal deveria ter concorrido ao Nobel de economia. Ela revolucionou o mundo. Nós temos o dia das mães, dos pais, das crianças e muitos outros, entretanto, todos eles homenageiam um grupo específico da sociedade. Menos o Natal. Não importa se você é alto ou magro, bonito ou feio, doente ou saudável, católico ou evangélico, todo mundo ganha presente. Até as pessoas que você não gosta ganham presente. Veja se alguém esquece de mandar um agrado para a sogra. Esquece nada, até porque, a ceia é na casa dela e você nunca sabe com o que é que ela recheia o peru. Porém, estamos tão preocupados com que iremos ganhar de presente que acabamos esquecendo do verdadeiro espírito da coisa toda.

Seu pai foi tomar todas com os seus tios na cozinha, sua mãe sentou do seu lado e não para de falar mal da roupa dos outros, seu irmão está desde a hora em vocês saíram de casa dizendo que o presente dele vai ser melhor e mais caro que o seu, e, você, pobre alma, está esperando ser libertado desse calvário para sair e tomar todas com os seus amigos, falar mal dos outros e contar vantagem sobre os seus presentes. É nisso que o Natal está se transformando. São raros os jovens que querem passar a data com a família e depois ir para a cama esperar o bom velhinho chegar. As cenas de famílias enormes reunidas ao redor de fartas mesas ficaram para os comerciais de chester. Os papais noéis que antes eram aguardados nas ruas, agora são meros artigos de decoração e propagandas baratas. A culpa disso é toda nossa. Quem mandou deixarmos de acreditar no velhinho barbudo que levava alegria para todas as crianças do mundo?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Apenas mais uma de amor (9)

Eram quatro amigos: Arthur, Gabriel, Laura e Bia. No tempo da escola, Gabriel namorou com Bia, mas acabou mesmo foi com a Laura. Quem consolou a pobre Bia foi o Arthur. Mulher como ela não se desperdiça. Consolo vai, consolo vem, ficaram juntos. O casal de amigos vibrou com a notícia, tudo voltava ao normal. O quarteto estava reunido.

A amizade era tão grande que, Arthur e Gabriel, resolveram noivar no mesmo dia. Se fosse pra sofrer da vida de casado, que sofressem juntos. Fizeram uma grande festa surpresa com parentes e amigos dos casais. Festa pra ninguém botar defeito, muito menos elas duas. Ambas aceitaram e casaram juntas. Mesma igreja, mesmo padre e mesma data.

Anos se passaram até que Bia e Laura começaram a desconfiar das saídas dos maridos. Não tinham como provar nada, mas como intuição de mulher é fogo, colocaram os dois na parede mesmo assim. Os maridos, que também estavam desconfiados, resolveram tirar tudo à limpo. O que os quatro descobriram, mudou a vida deles.

Para evitar futuras traições, marcaram um swing entre eles, coisa simples. Assim, ninguém precisaria fazer nada escondido ou pelas costas. Seus cônjuges teriam outra companhia, mas uma companhia que nunca fez mal para eles. Outra pessoa, porém, conhecida.

Após o sucesso do primeiro, outros foram agendados, até que, os finais de semana, tornaram-se sagrados. Jantavam os quatro juntos, sempre na casa de um dos casais, nunca em lugares que envolvessem terceiros, e, em seguida, dirigiam-se em pares para um dos quartos. Apenas lá, apenas nos finais de semana, apenas os quatro amigos. Só então, Arthur podia ser de Gabriel e Laura possuía Bia, como nos velhos tempos.