quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Estagiar é...

Sei que ando meio sumido, mas, dessa vez, tenho uma explicação boa. Boa mesmo. Além da faculdade, que toma a minha tarde e noite, agora estou estagiando pelas manhãs. Pra completar, meu computador deu problema e fiquei sem internet. Poderia até postar pelo notebook ou da casa de alguém, como estou fazendo agora. O problema maior é o estágio mesmo.

Não dá pra expressar a alegria de conseguir o primeiro estágio na sua área. Logo no primeiro dia, você fica super feliz e quer fazer tudo que te mandam fazer e mais um pouco. Chega em casa e conta pra todo mundo as besteiras que você fez. Pegar um copo d'água parece ser uma tarefa que só você poderia ter feito dentro da empresa, você é a solução para todos os problemas da empresa. A partir do segundo, você percebe que você realmente é uma pessoa única lá dentro. Única que aceitaria fazer tudo o que os outros não querem por um salário mínimo... mínimo necessário para não ser considerado trabalho escravo.

No primeiro dia, descobri que o projeto não estava de acordo com o que havia sido construído. Me senti o próprio Niemeyer. No segundo, fui encarregado de resolver o problema que havia descoberto e me arrependi profundamente de ter sido útil. Hoje, no terceiro dia, aprendi que o estagiário só deve identificar um problema quando já tiver uma solução, pois, sempre que alguém acha a solução pro meu problema, eu é que vou lá resolver. E isso porque fico três das quatro horas sozinho.

Apesar dos apesares, estagiar faz bem. Se aprende muita coisa, principalmente, coisas que não dão pra aprender em uma sala de aula. Você conhece pessoas que serão importantes na sua futura vida profissional. Do seu futuro empregado ao seu futuro chefe, passando pelas pessoas que você terá que puxar o saco e pelas que você vai ter que demitir, boa parte deles você já encontrará agora. Isso se você durar até o final do contrato.

Ser estagiário é mais ou menos isso:



Ser estagiário é ótimo, mas ter um, é melhor ainda.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Vários motivos para transferir seu título

É ano de eleição, e tenho certeza de que vocês não vão querer perder a oportunidade de votar num dos candidatos que abaixo listarei:

Humoristas:

1 - Tiririca: Direto de Itapipoca no Ceará, com ensino fundamental incompleto e um arsenal de piadas.

2 - Batoré: Não lembra? Mãos e pernas tortas, a praça é nossa...Esse mesmo.

3 - Pedro Manso: Aquele que imita o Faustão no show do Tom.

4 - Sérgio Malandro: Imaginem aquilo em Brasília. Glu glu glu

Jogadores:

5 - Romário: Pelo menos ele tem ensino superior completo. (E daí?)

6 - Vampeta: Ele não tem coligação  #fikdik

7 - Marcelinho Carioca: Da coligação "Preste atenção São Paulo". Irônico, não?

8 - Túlio Maravilha:  Nós gostamos de você?

Cantores:

9 - Kiko: Espera porque ele não tá sozinho.

10 - Leandro: O irmão do Kiko. É isso mesmo, o KL(B ficou de fora).

11 - Tati Quebra-barraco: Dako é bom!

12 - Netinho de Paula: Bom, ele já apresentou um programa, né!??!?!!?

13 - Gretchen: Eu juro que nem sabia se era aqui mesmo que deveria colocá-la. Conga la conga.

14 - Rick: O Renner deve ser o acessor.

15 - Reginaldo Rossi: Garçom, aqui no planalto...

Outros:

16 - Ronaldo Esper: Não foi ele quem levou vasos de algum lugar aí?

17 - Jean: Ele ganhou o BBB, então nunca se sabe.

18 - Bambam: Outro que ganhou o BBB. Dinheiro, quanto mais se tem mais se quer.

19 - Mulher Pêra: Essa eu não consigo nem comentar.

20 - Mulher Melão: Porque uma fruta só é pouco.



E ainda dizem que a juventude é quem destrói a nação.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O que não dizer à sua mãe sobre a aula de Biologia

Era apenas mais uma aula de biologia do 3º ano. O assunto estudado, genética, falava da cor dos olhos, cabelo, cor da pele e tipo sanguíneo. Tudo estava muito bem. Os alunos entendiam perfeitamente o que era ensinado:

Mãe A, Pai A – Filho A
Mãe A, Pai B – Filho A, B ou AB
Mãe AB, Pai O – Filho A, B, AB, O
Mãe B, Pai B – Filho B

...

Eis que surge uma mão no ar, uma dúvida cruel a ser revelada para toda a sala:

- Professora, mas meu pai é B, minha mãe é B e eu sou AB.

A turma toda olha a garota que fez aquela pergunta capciosa. A professora para e já nega com a cabeça. Em todos os anos de profissão, todas as aulas e estudos, aquilo não era possível. Surge então o sorriso no rosto da professora.

- Tem certeza? Um dos dois deve ser AB ou A pelo menos.
- Não...os dois são B! Minha irmã é B.

A essa altura, já se ouviam sussurros pela sala, os alunos já comentavam qual seria a solução para o mistério.
A professora, que devia supostamente ser aquela a acalmar a garota e dizer que havia um problema ou um erro nas informações, faz o contrário e aumenta o sorriso zombeteiro.

- Minha queridinha...então, dos dois, um: Ou você não é filha de sua mãe, ou de seu pai. Procure saber por aí.

A sala então estoura em risadas. Bons amigos nós arranjamos na escola, não é mesmo? Aqueles filhos da mãe que não devem saber nem de que buraco saíram, rindo da pobre menina que, sem argumentos, vai ler o assunto procurando qualquer brecha que explicasse a situação.
Mas para a professora, ainda não era o bastante:

- Já vi um caso parecido com esse. A pessoa descobriu que era adotada depois de uma aula dessas. Menina menina, vá fazer esse exame de sangue de novo pra ter certeza. Ou olhe direitinho se você parece com seus pais.

Mais risadas de toda a sala.

- Eu sou a cópia da minha mãe. E tem quem diga que pareço bastante com meu pai. Mas vou procurar saber direito o tipo sanguíneo deles. ¬¬

...

No outro dia, em casa, a menina está na porta conversando com um amigo. Falavam banalidades do dia-a-dia. Eis que chega a mãe para falar com os dois. Conversa vai, conversa vem:

- Mãe, minha professora de biologia disse que eu não sou sua filha ou de meu pai.
- Como é? (E vejam que aqui – pela expressão da mãe -, a menina ainda teve chance de mudar de assunto)
- Estávamos tendo aula sobre grupos sanguíneos, daí eu falei que você é B, meu pai é B e eu sou AB. Conclusão...não sou filha de um dos dois.

*
E aqui, para um momento o relato para falar sobre o sentimento que se apoderou da mãe naquele instante.
RAIVA - é um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego sente-se ferido ou ameaçado.
Consequências da raiva: Violência verbal, violência física, ódio, comportamento agressivo.
*
Foi aí que a menina percebeu o erro cometido. O amigo dela, a essa altura já tinha feito mil e um sinais pra que ela se calasse. Agora ele se resumia a uma mão na testa e cabeça baixa, prevendo o que vinha pela frente.
A mãe, que aparentemente esqueceu-se do lugar em que estavam, ou na verdade não se importou com isso (a raiva faz essas coisas), cruzou os braços, respirou fundo, e:

- Aquela vagab¨*&*&#@!@#!#@#!# safada tá pensando o quê? Uma professorazinha qualquer falando uma coisa dessas. Quem é? Me diga o nome dela que segunda eu vou na sua escola pra ela dizer na minha cara que você não é minha filha.

E como se desgraça pouca fosse besteira:

- Mas mãe, se você tem sangue B, meu pai tem sangue B, minha irmã tem sangue B e eu AB, tem A onde não devia.
- Eu quero saber porra nenhuma de A, AB ou o caralho que for? Eu vou segunda na sua escola falar com essa mulher e ela vai me dizer direitinho essa história. Tá pensando o que, rapaz. Ela é besta.

...

Segunda ela não foi à escola. Já devia ter esquecido. A menina procurou esquecer também, embora essa lembrança ainda a acompanhe até hoje. A lembrança e a dúvida: B, AB, A? Na verdade, anos se passaram e ela sequer procurou saber direito o tipo sanguíneo dos pais.

Afinal, até que ponto ia valer a pena saber a verdade?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aqui vamos nós

Acabaram-se as férias e toda a folga que eu tinha. Essa historinha de dormir de manhã cedo e acordar de tarde, também já era. As aulas na faculdade voltaram. Com elas, vem todas as obrigações que um período pode trazer e toda a filha da putice do mundo distribuida entre trinta e dois créditos semanais. Período entra, período sai, mas só o aluno é que é fodido.

Por que todo professor na faculdade acha que apenas a matéria que ele leciona é vital para o curso e que nós devemos estudar e viver única e exclusivamente para ela? Ele chega no primeiro dia de aula, passa quatro livros como bibliografia e diz que o ideal era lermos todos eles. Custa escolher apenas um? E ainda tem a cara de pau de dizer que "o livro de Fulano é insuficiente". Pelo menos o autor deve ter pensado a mesma coisa sobre o livro de Cicrano e resolveu escrever algo melhor ao invés de apenas criticar.

Universidade é um lugar no qual você não pode ter esperança de que as coisas vão melhorar porque elas não melhoram. Muito pelo contrário, a felicidade dos professores começa a ser inversamente proporcional à felicidade dos alunos. Alguns deles já perceberam isso e se adiantaram. A maioria não sai mais pra beber ou jogar bola com alunos que estão cursando alguma matéria com eles. No dia que eles toparem uma pelada, prometo que apareço. Podem anotar.

O pior de tudo é que esse foi apenas o meu primeiro dia de aula do período e já consegui voltar pra casa sem querer ir amanhã. Pior ainda foi minha mãe ter me perguntado como tinha sido o primeiro dia:

- Mó saco.
- Oxente, meu filho, mas você não gosta não?
- De que?
- De estudar, é claro.
- Minha mããeee, acooooorde. Ninguém gosta de estudar não.
- Na minha época, eu gostava.

Ainda bem que o espermatozóide do meu pai era machista e não deixou que o ovócito dela tomasse as decisões mais importantes. Obrigado, querida genética.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Obscuro 2 - As coisas como realmente são!

Ele não estava lá quando me mudei.

Meus pais me expulsaram de casa quando eu completei 18 anos. Por mim eu ficava lá pra sempre. Alguém pra lavar minhas roupas e fazer minha comida. Tudo pronto, arrumado e bem feito. Mas meus pais me expulsaram. Saí do paraíso pra me virar no inferno.

Arranjei um emprego como frentista num posto de gasolina, num bairro distante de casa. O emprego era uma droga e eu, obrigado a passar noites acordado, mal tinha tempo pra estudar. Mas tinha um dinheiro no final do mês que garantia o sustento. Aluguei um apartamentozinho de um quarto e que ficava em cima de uma padaria, a poucas ruas do trabalho. O lugar era um lixo: cheio de mofo, apertado, e a noite o silêncio era incômodo. No quarto tinha um armário velho, com duas prateleiras que usei pra guardar as poucas tralhas que tinha. Pensei em comprar um armário novo, mas não tinha condições. Achei melhor usar aquele velho. Estava lascado.

A primeira vez que ouvi aquele barulho estava vomitando no banheiro, bêbado. Era um barulho chatinho, como se estivesse destruindo alguma coisa. No primeiro momento não dei muita atenção, pois achei que era o efeito do álcool em meu cérebro. A segunda vez foi um domingo de intensa ressaca. Apenas bebi muita água e tentei não pensar naquele barulho, afinal, agora tinha algo que quebrasse o silêncio em casa. Mas na terceira vez, não tinha álcool ou ressaca, o barulho parecia realmente estar destruindo alguma coisa. Comecei a me preocupar. Quais seriam os efeitos do cheiro de gasolina no cérebro humano?

Larguei o emprego, briguei com o dono do bar, até com o senhorio. Tinha que culpar alguém ou alguma coisa. Mas nada disso deu certo. O barulho aumentava a cada dia. Mudei de bar e bebi mais. Procurei em casa, quebrei a cama achando que era ela, joguei vinagre pelo quarto, e nada. Sobraram-me duas opções: Ou a cachaça estava me matando, ou o barulho vinha do armário infeliz.

Dobrei a camisa, peguei uma marreta e fui em direção ao armário. Chegando perto, minhas pernas tremeram e o suor desceu pela testa. Quando olhei mais embaixo, vi um buraco na porta. Ele não estava lá quando me mudei. Abri a porta decidido. Apontei a marreta, à procura do causador do barulho. Foi quando ele correu de um lado pro outro, sorrindo de mim. Então, a verdade me atingiu sem piedade: o filho da mãe era maior do que pensava e eu morria de medo dele.

Larguei a marreta, saí correndo do apartamento e implorei pra voltar pra casa.

O rato ficou lá, ganhou o terreno. Hoje eu lavo pratos, ajudo no almoço e tenho dois empregos, além da faculdade à noite. Ele não estava lá quando me mudei, mas ficou quando eu saí. Quem diria que alguém do meu tamanho fugiria de um roedor desgraçado? 


P.s.: Texto original em - http://embriaguezverbal.blogspot.com/2010/04/obscuro.html

domingo, 8 de agosto de 2010

Herói

De que é feito um homem?

Homens não são feitos de barbas por fazer, tímidos bigodes ou peitos cabeludos.
Não são feitos de corpos malhados e muito menos de barrigas de cerveja.
Não são feitos pelo tamanho das calças e nem pelo seu próprio.
Homens nunca serão feitos de aparência. Nunca foram.
Por mais que não pareça, também não são de ferro.

Se não de ferro, de que é feito um homem?

Não é feito de um aglomerado de células ou da valsa dos elementos químicos.
Senhas e números não fazem um homem, muito menos um hetero casal de letras.
Homens não nascem homens, se tornam.
Não são títulos, rótulos ou estereótipos, homens se fazem homem, não deixam que os outros o façam.
Você não será homem só porque enche a cara com os amigos ou fuma. Álcool e fumaça não constroem um homem.
Agora que chegamos aqui, se arrepende de algo? Não se arrependa. Homens não são feitos de arrependimento.

Ainda não me respondeu, de que é feito um homem?

Homens são feitos de derrotas vitoriosas e superação.
São feitos de sonhos, ideais e lutas.
Feitos de desejos e humanidade.
São feitos de corpo, alma e emoções.
São feitos de/por mulheres. Não qualquer mulhers, mas sim a mulher. Por elas, são capazes de tudo. Com elas e com as suas crias, são completos.
São feitos de vontade. Vontade de ter e de ser, de levantar a cabeça e continuar seguindo em frente.
São feitos de orgulho, portanto, não se preocupe em errar, apenas tenha orgulho de pelo menos ter tentado.
Homens são feitos de tempo. Não só feitos, mas também aliados.
Feitos de antíteses e metáforas, rimas e versos livres.
Se após isso, você se sentir homem, esqueça. Homens nunca saberão que são homens. Nunca se sentirão completos, mas também não deixarão de tentar ser.

Mas nem isso é suficiente para ser homem.
Um homem é feito pelo brilho dos olhos de quem o vê.
Ele é criado na mente de alguém.
É Invejado por uns e amado por outros.
Esse homem serve de inspiração.
A minha inspiração.
O meu pai.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Psicotapa

Na semana passada, li algo sobre a nova lei que proíbe castigos físicos de qualquer tipo, inclusive, o psicotapa. Quando terminei de ler, parei para lembrar da minha infância. Jamais apanhei, mas vivia com medo de levar uns tapas no bumbum. Não que não merecesse, pois merecia. Aprontei tudo que tive direito e mais um pouco. Quando tinha reunião de família na casa das minhas avós, minha mãe, ligava antes pra avisar que estávamos chegando pra dar tempo de guardar as coisas que poderia quebrar. Mesmo assim, nenhuma mão, chinelo ou cinto, jamais encostou em mim. Minha mãe só precisava dizer que ia me dar umas chineladas ou me pegar pela orelha que me aquietava.

Dos três filhos, minha mãe só bateu na minha irmã. Foi um tapa de leve, só para repreendê-la por ter mentido. Nunca fez mal algum, ela não desenvolveu nenhum trauma ou ficou depressiva por causa disso. Pelo contrário, ela nem de Crepúsculo gosta. Matutei mais um pouco sobre o assunto, mas acabei por deixá-lo de lado. A minha opnião não mudaria em nada. Resolvi tomar banho.

Como a resistência do meu chuveiro estava quebrada, fui tomar banho no quarto da minha irmã. Ao entrar, estranhei o fato dela estar deitada no chão fazendo abdominais. Afinal, ela estava há quase duas semanas sem ir para a academia. Fiz cara de pensativo e segui em frente, tudo o que queria naquela hora era só o banho quente. Entrei no boxe e esqueci do mundo do lado de fora. Terminado o banho, me enxuguei, peguei as roupas que havia deixado espalhadas e sai do banheiro. Qual não foi a minha surpresa ao dar de cara com a minha irmã:

- Que porra é essa?! Isso é um cabo de vassoura, né?
- Saia daqui vá.
- Mas você tá fazendo exercícios com o cabo da vassoura.
- Meu filho, vá cuidar da sua vida,vá.
- Minha mãe paga R$120 pra você ir pra academia, tem duas semanas que você não vai e agora tá aí com o cabo da vassoura.
- Doido, saia do meu quarto, me deixe em paz.

Sai, mas dei uma última resmungada antes de fechar a porta:

- Um cabo de vassoura? Puta que pariu!

Pensei:

- Minha mãe deveria ter batido mais forte...