quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Provérbios

Seja um irmão mais novo tendo que te ensinar a usar alguma coisa ou um sobrinho que não conhece nenhum dos desenhos que você pergunta se ele gosta, existem coisas na vida de gente que nos dão sinais de que estamos envelhecendo. É a sabedoria que aumenta, as experiências que se acumulam e os provérbios que se alteram.

Não podemos mais dizer que quem tem pressa come cru porque na verdade a pessoa vai no fast-food que a comida já tá lá esperando por ela. Também não se pode mais falar aos quatro ventos que, pela noite, todos os gatos são pardos, sem que alguém te diga que metade deles deveria ser negro pelo fato deles terem sido marginalizados na Idade Média. Os ditados populares tiveram que mudar. Se adaptaram aos novos tempos e às novas gerações para sobreviver. Entretanto, durante essa transição, a essência foi perdida.

O que antes era usadado como conselho ou frase de efeito, agora serve apenas para fazer graça entre os mais novos. Hoje, quem ri por último é retardado ou não entendeu a piada, mas há um tempo atrás, era quem ria melhor. O rei na terra de cego agora é só um caolho qualquer, nem tudo que reluz é lantejoula e a união faz açúcar e barras de ceral.

São outros os tempos e os ditos populares, mas isso não significa, necessariamente, uma coisa ruim. Vai ver que, há algumas décadas atrás, outra pessoa já tenha notado essas mudanças e se sentido antiquado. Fato é que nada disso pode e nem deve ser freado, pois, mudam-se os tempos, mudam se as vontades. O melhor agora, já que não podemos vencê-los, é nos juntarmos à eles.

*P.S.:Visitem o Xique Xique Blog e confiram o post que fiz lá e esqueci de avisar aqui.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Divórcio

Foram quase quatro anos juntos. Dois de namoro, um de noivado e um último casados. Praticamente meia década de alegrias. O começo meio conturbado nunca impedira que o amor prosperasse. Entretanto, estavam ali agora tendo que passar por mais um dia de negociações. O que antes os unia agora os separava cada vez mais. Cada encontro era marcado por acusações e xingamentos. De diferente, apenas as roupas dos presentes. Ela querendo levar tudo, ele querendo que ela levasse o mínimo possível. Levaram o caso ao tribunal, que o juiz decidisse o que achasse melhor.

Muito do que ela pedia era de antes mesmo dele sequer pensar em encontrá-la. Um absurdo, ninguém em sã consciência deveria dar ouvidos ao que a louca falava. Que ficasse com todas as porcarias que haviam construído e criado juntos. Tudo sempre fora mais dela do que dele mesmo, apenas metia o dedo onde era autorizado, mesmo assim, ela sempre ia lá e fazia do jeito dela. Mas não, para ela isso ainda era pouco. Queria tudo. Para ela, o casamento acabara justamente pelas coisas que estavam lá desde antes dela chegar.

Tudo que ele havia conquistado depois fora por causa dela. Um ingrato, isso sim. Se não tivesse aparecido na vida dele, nada teria mudado. Portanto, eles podiam até ter entrado nessa juntos, mas o primeiro passo e a ideia eram dela. Além disso, por mais que fosse verdade que ele já tinha bastante coisa quando começaram, ele mesmo decidira dividir tudo com ela quando começaram a namorar. Ela não só tinha as senhas mais importantes como também um contrato assinado por ele e reconhecido em cartório. Para azar dele, o documento era autêntico. Não lembrara dele antes porque assinara da mesma forma que casara: sem pensar.

Twitter, Orkut, Facebook, Google+, Myspace e Msn. Todas as contas conjuntas e mais as que ele mantinha da época de solteiro seriam dela. Não imaginara que ela um dia pediria o divórcio e muito menos que levaria tudo. O mais doloroso foi ela não ter tido nem um pouco de piedade ou compaixão. Teria que recomeçar sua plantação no colheta feliz, pois, até os fakes, que ele usava para jogar escondido, ela decidiu levar.