sábado, 30 de julho de 2011

Dia dos namorados

Mês passado foi dia dos namorados e nada de diferente apareceu aqui no blog, mas algo inusitado ocorreu no dia. Algo um tanto vergonhoso para mim, divertido para as crianças, diferente para os que ali estavam e especial para a minha namorada. Produziu efeitos diferentes em cada um dos que, de alguma forma, acabaram se envolvendo e, com toda certeza, ficará marcado na memória de muita gente.

Meu presente do dia dos namorados poderia ser considerado normal se fosse dado por outra pessoa, mas não por mim. Pela primeira vez, depois de vários namoros, iria dar e usar um anel de compromisso. Como esse seria um momento histórico na minha vida, resolvi que não deveria simplesmente me ajoelhar ou entregar assim, sem mais nem menos. Bolei todo um plano, liguei para várias pessoas e procurei muitas lojas. Tudo em segredo, sem deixar pistas. Estava tudo planejado e quase tudo pronto quando recebi uma notícia que mudaria muita coisa.

O aniversário do primo dela ia ser no domingo, dia dos namorados. Lá eu iria fazer uma surpresa para ela, mas o aniversário foi adiado porque disseram que comemorar antes dava azar. Azar pra mim,né?! Na mesma hora, bolei um outro plano que, no começo, pareceu impossível. A autorização que precisava do shopping me foi negada, regras da empresa. Para a minha sorte, Aracaju é uma cidade relativamente pequena e funciona na base do cqc: conhecer quem conheça. Com apenas uma ligação, superei o último obstáculo. Agora era só correr pro abraço. Literalmente.

Quem passou pela praça de alimentação nova do Shopping Jardins no dia 12/06/2011 deu de cara com uma pessoa fantasiada de coelho. Esse coelho era eu. É, coelho. Nada a ver com o dia dos namorados, mas era isso, a Hello Kity ou a Moranguinho. Fiquei na frente da lojinha de balas, assim, pensariam que eu trabalhava lá. Durante duas horas, fiquei dentro de uma fantasia que mais parecia uma estufa. Dancei e brinquei com quem passava, coloquei crianças no colo e tirei fotos, distribuí beijos e abraços, minha namorada passou por mim duas vezes e não me reconheceu. Me diverti e aproveitei todo o conforto que o anonimato me proporcionava.

Foi quando vi minha namorada e os meus cúmplices sentados, que peguei o bouquê que estava escondido e a caixa do anel e fui pulando e dançando até onde eles estavam, me ajoelhei, tirei a cabeça da fantasia e entreguei os presentes. Enquanto a praça de alimentação inteira batia palmas, filmava e tirava fotos, e ela resolvia se sorria ou chorava, perguntei se estava disposta a me aturar pro resto da vida. E não é que ela aceitou?

Algumas pessoas vieram nos dar parabéns e nos desejar felicidade, uma mulher me perguntou se "o coelhinho não tinha rabinho por que já tinham comido", uma adolescente bateu no namorado por não ter recebido o mesmo presente, as crianças não queriam mais saber de mim e a minha namorada queria me agarrar e não soltar nunca mais. Depois de tudo o que passei, ali sentado, olhando todas aquelas pessoas, todos aqueles casais, imaginei todas as histórias que ali se encontravam e depois em todas as histórias que se espalhavam pelo planeta naquele momento. Concluí que boa parte delas não seria contada no ano que vem pelos mais variados motivos. Desejei que a minha não fosse uma delas e sorri.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Engenharia como nunca civil (3)

Apesar de não entender muito bem a forma como as matérias da parte de desenho são dispostas, a aula de desenho arquitetônico foi das melhores desse período. Durante duas horas inteiras, o professor ficava sentado lá na frente enquanto a gente se virava projetando, desenhar é coisa de arquiteto e designer. Como não tinha aula propriamente dita, éramos livres para fazermos o que quiséssemos. Podiamos até mesmo conversar como se estivéssemos na mesa do bar. Se o professor não se incomodava, quem iria reclamar?

Em uma dessas aulas, um colega estava parado olhando para o seu projeto com um olhar pensativo. Então, começou a girar em torno da prancheta pensando no que iria fazer. O amigo dele, que estava na prancheta ao lado, não aguentou e foi até ele para saber o que estava acontecendo:

- Ei fófis, que é que você tanto pensa?
- Rapaz...Essa porta aqui do banheiro.
- Que é que tem ela?
- Na hora que ela abrir, vai bater na pia.
- Oxem, mermão, diminua ela então.
- Aí eu não vou passar na porta.
- E por que você não coloca uma porta de correr?
- Euuu, vai que eu não alcanço ela depois...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Apenas mais uma de amor (12)

Se fôssemos perguntar de porta em porta qual a coisa mais importante para um relacionamento, tenho certeza que a resposta mais escutada seria amor. Filmes, novelas, livros, em todos os lugares em que há romance, o amor nunca é esquecido. Seu espaço estará sempre guardado nos discursos de casamento e nas cartas dos enamorados. Sem ele, casais não se uniriam para formar uma família. É bem verdade que ele é um sentimento poderoso e universal, mas existe um que é mais forte e mais importante. Um que depende mais da pessoa que está com você, do que de você: a admiração.

O mundo está cheio de amores mal resolvidos. Casais que se separam, mas que ainda se amam. Por mais forte que esse amor ainda seja, eles não voltam atrás porque não sentem mais admiração um pelo outro. Ao contrário do amor, que demora pra nascer, porém demora a ser esquecido, a admiração surge tão rápida quanto desaparece. Sem ela, some a vontade de continuar lutando para que tudo que existe naquele relacionamento continue existindo. O problema é que isso não depende de você.

É possível amar uma pessoa sem que ela te dê motivos. O jeito dela, as qualidades, defeitos, características, personalidade, podem te atrair mesmo que essa pessoa não tenha essa intenção. Depende de você, vê-la ou não com outros olhos. Mas admirar é diferente, você precisa que ela faça alguma coisa, por menor que seja, para que algo dentro de você acorde, porém, basta ela fazer o oposto para que o sentimento volte a dormir dentro de você.

São promessas quebradas, atitudes contraditórias, traições descobertas e datas esquecidas. Tudo isso pode causar feridas que são saradas pelo amor, mas uma vez que fica uma cicatriz no lugar, as coisas podem nunca mais voltar a ser como eram. E aí, não existe amor no mundo que mantenha esse casal unido.