quarta-feira, 2 de março de 2011

O ser humano precisa morrer

Os primeiros homo sapiens caminhavam pela face do planeta por no máximo quarenta anos. Eram tempos difíceis. Entretanto, sobrevivemos e evoluimos. Aldeias viraram povoados, cidades, nações, países, não podíamos parar. Nada freia o crescimento do homem. A seleção natural e o controle de natalidade eram feito pelas guerras e pelas doenças, mas isso tudo ficou no passado. Vivemos um tempo de relativa paz e, se não podemos curar, ao menos prolongamos o inevitável. Alteramos o nosso destino.

A expectativa de vida do ser humano nunca foi tão alta. Criamos vacinas e remédios para curar as nossas doenças, descobrimos formas de evitar acidentes e nos proteger, enfim, aprendemos a cuidar de nós mesmos para que o nosso tempo na Terra se prolongue. Cada ano que passa vem cheio de novas pesquisas e avanços que nos ajudarão a adiar a morte, única certeza que temos na vida. Os cientistas estão otimistas, chegaremos fácil e com vitalidade aos cem anos. Mas não deveríamos.

Com menos pessoas morrendo e mais pessoas vivendo por um tempo maior que o esperado, acabaremos superlotando o nosso planeta. As previsões indicam que, em algumas décadas, o planeta atingira a sua capacidade máxima, ou seja, se já temos milhares de famílias morrendo de fome no mundo, se continuarmos do jeito que estamos, poderemos ter milhões ou até mesmo bilhões de famílias nessa situação. Viveremos mais, mas mão melhor.

A verdade é que temos medo de envelhecer e morrer. Tratamos a velhice como uma pandemia e queremos vencer a morte. Claro que temos o direito de chegar aos oitenta com saúde e disposição, porém, devemos nos conformar que a vida nada mais é do que uma renovação. Para que algumas pessoas nasçam, outras devem dar lugar a elas. É convivendo com a certeza de que amanhã poderemos não estar mais aqui que vivemos cada dia como se fosse o último. Podemos até não ter corpos imortais, mas vivemos eternamente na memória daqueles que ficam.

11 comentários:

Duca disse...

Medo desse post!!!
Voto pelo controle de natalidade e não por "para que nasçam pessoas, alguém tem que dar lugar a elas".
Eu não quero dar meu lugar a ninguém!! D:

Duca disse...

Mudei de ideia!!!!!!!!
Acabei de ler que uma mecha de cabelo do JUSTIN BIEBER tá sendo LEILOADA por mais de US$ 40 mil!!!!

Dou meu lugar, sem problemas!! ^^

Celeste disse...

Eu estava gostando do texto até chegar ao final.
A última frase matou o texto na minha humilde opinião.

Você falou de fatos reais e fechou seu texto com uma conclusão baseada na sua fé (que não é compartilhada de todos) e matou seu argumento de que precisamos morrer.

O medo de morrer e/ou o desejo de ser eterno e/ou a incerteza sobre o que acontece depois da morte é o que impulsiona a fé em suas diversas formas. Cada religião impõe a sua visão.
Eu esperava uma conclusão também baseada em fatos.

Augusto Felizola Garcez disse...

Maria das graças concordo com sua opinião...

Mas devemos nos lembrar que o homem-máquina como o capitalismo prega este morre e é esquecido." o cemitério está cheio de insubstituíveis"

Se queremos alcançar a imortalidade o devemos fazer pelos nossos atos.

Platão e Sócrates serão imortais e eles não são de nenhuma religiao que perdura até hoje, pois foram seus pensamentos surgidos na alma, na concepção clássica da palavra, quero dizer que a alma deles é imortal pelas suas idéias.

Explico isso sem querer entrar no mérito da crença...

gostaria de receber a réplica = D

Diego Felizola disse...

Mas a minha conclusão é baseada em fatos, até porque, tenho a minha fé, mas sou agnóstico. Acredito em Deus sem ter que escolher religião.

Quando falo em alma imortal eu falo no espírito que continua vivo mesmo após a morte. Por exemplo, meu avô materno morreu sem que eu o tivesse conhecido, mas minha mãe sempre me disse que meu avô iria gostar muito de mim. Como ela sempre me contou as histórias dele, pra mim, é como se ele tivesse existido. Vou falar pros meus filhos sobre o bisavô deles e eles pros filhos dele.

Podemos chamá-la de alma, espírito ou memória, pra mim é isso que é imortal. Como Augusto mesmo falou, Platão e Sócrates, independente da religião e da linha filosófica que eles seguiram, são imortais até hoje. Os imortais da academia brasileira nunca estiveram tão vivos, presentes nos vestibulares e no ENEM.

Não tenho medo de morrer, tenho medo de não viver e de não deixar a minha marca no mundo. Pra onde irei ou quem irei depois daqui, não me importa, estou aqui e planejo aproveitar ao máximo.

Celeste disse...

As idéias de imortalidade todas são muito bacanas mas não estão no texto.

Outra coisa: o Diego certamente não esta falando sobre ser eternamente lembrado pelo que fez e sim falando que temos uma alma imortal (ensinamento espírita).

" Podemos até não ser eternos, mas somos humanos e temos uma alma imortal."

Apenas uma ressalva: Sócrates e Platão acreditavam e difundiam a imortalidade da alma e não era só com o pretexto de registrar seu nome na história. Era uma veia espiritualista mesmo, foram precursores do espiritismo.

Adoro a clareza dos seus pensamentos Diego, seus textos me envolvem. Apenas estranhei a conclusão. Beijos

http://www.ceismael.com.br/filosofia/socrates-platao-precursores-espiritismo.htm

Diego Felizola disse...

Quando foi colocado o Sócrates e o Platão como exemplos, não foi pelo que eles consideravam, mas pelo nome deles que é vivo até hoje. Na área da filosofia, muitas vezes, a alma é tida como a mente. A alma que coloco no texto é o pedaço de cada um que fica guardado mesmo depois que a pessoa se vai e não a alma em si.

Realmente, o final ficou estranho, até comentei com a Bruna, porque dá a entender um final um tanto quanto espiritualista. Acho o espiritismo interessante, mas não concordo em muitas coisas com ele, muito menos na imortalidade da alma.

É justamente aqui nos comentários que essas dúvidas sejam sanadas e as críticas debatidas. Fico bastante feliz com isso.

Diego Felizola disse...

Mudei o final do texto para que agradasse a gregos e troianos. Agradecer à Ceceu e ao Augusto pelas contribuições.

Augusto Felizola Garcez disse...

Acho complicado ficar discutindo a etimologia da palvra alma.

Mas podemos lembrar que na idade clássica Alma conceituava-se da mesma maneira que psiquê. Ou seja alma é a mente da pessoa e seus pensamentos.

A compreensão pode ter sido confundida pois hoje em dia várias religiões têm outra conotação para a mesma palavra e todas elas estão emaranhadas no nosso lindo português, aumentando a sua possibilidade de significação.

Celeste disse...

Essas idéias todas sendo expostas são uma grande contribuição aos nossos pensamentos e formação.

Diego, obrigada pela generosidade em se doar, se dispor e até de mudar o final, que ficou muito bom!

abração!

Bruna Tavares disse...

Acredito que a maioria das pessoas não quer morrer sem ter deixado algo que fixe sua memória aqui na Terra. Quando penso que podemos ser eternos, acredito na imortalidade das nossas atitudes e não na imortalidade do nosso corpo físico. Concordo quando você diz que a vida é uma renovação. O post ficou ótimo! =D

beijos