sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Apenas mais uma de amor (10)

O frio do inverno começava a se fazer presente, mas o clima permanecia agradável. O céu estava azul depois de uma noite inteira de forte chuva. Crianças jogavam bola em um campinho próximo enquanto pessoas de diferentes idades caminhavam pela rua de paralelepípedo, todas indiferentes à minha presença, exceto a única que fazia diferença para mim. Estava tudo acabado.

Estava tudo terminado. Dois meses de conversas até o galo cacarejar e o dia nascer, de mensagens de boa noite e apelidos sugestivos. Era eu Maior Problema e ela Dois Foras, apelidos que não fariam mais sentido algum. Não sabia nem por onde começar a esquecer, fazer de conta que aquilo tinha sido uma ilusão. Talvez até tivesse sido e só estava descobrindo isso agora. Dançar sem música no meio da rua na tentativa de conquistá-la parecia tão surreal naquele momento quanto no dia em que realmente aconteceu. Grande loucura, porém, foi o que despertou algo dentro dela. Bom, não iria importar mais. Finis, finito.

Ela me viu com outra, vi que ela tinha visto. Se tivesse pensado um pouco, não teria feito o que fiz. Não fosse o homem que sou, teria culpado o álcool, mas correria o risco de não ser amparado por ele agora que precisaria afogar as mágoas. O amor que crescia fora estancado pela minha burrice apenas. Aqueles lábios carnudos não mais seriam meus, o castanho esverdeado dos meus nunca mais encontrariam o castanho azulado dos dela, seus sorrisos não encontrariam graça nas minhas palavras, seus cabelos não esvoaçariam no banco do passageiro, seus quadris rebolariam no meio daqueles carniceiros sem proteção e as minhas mãos teriam que se acostumar sem as suas coxas de alabastro. Não por falta de tentativa, contei a história e pedi desculpas, fui burro e insensato. Sorte temos nós, os pecadores, que não esperam perdão. Ponto final.

*
Deitados na minha cama, abraçados, conversamos sobre como a intensidade fala mais alto que o tempo. Os cinco meses de Cronos que parecem cinco anos de Afrodite. A ordem que surgiu daquele caos não fora prevista e nem estava clara para nenhum de nós. Tudo fica bem quando acaba bem. Ela estava ali e eu quero que ela fique. Sei que errei, mas errei mais feio ainda quando pensei que aquele ponto seria final. Ponto continuando.

4 comentários:

Bruna Tavares disse...

Mas você é um lindo meesmo, né?!*-*
Na vida existem coisas ruins que trazem coisas excelentes. Foi o nosso caso ;$ Você realmente era o meu maior problema. Hoje, você é a minha melhor solução pra tudo *_* Cinco meses ótimos, coisa linda de Buna. Ponto continuando. ♥

beijos nos olhinhos :*:

Bruna Tavares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dilma Tavares disse...

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis e que podem ser pra sempre".

Fernando Pessoa

Luiza disse...

As vezes precisamos erras pra aprender o certo...

Gostei do desenvolvimento do texto e da emoção que você colocou nele! Faz até a gente senti o que o carinha tá sentindo!