terça-feira, 6 de outubro de 2009

Apenas Mais Uma de Amor




Tomou a última dose daquele uísque 12 anos na própria garrafa, enquanto esperava pelo começo do filme. Não queria, mas precisava. Estava naquela situação por causa desse filme. Resmungou e acendeu o seu último cigarro. Ninguém havia dito que não poderia entrar com garrafas ou acender cigarros. As luzes não precisaram ser apagadas. O uísque já estava fazendo sua mágica. Enfim, começou.

*

O bebê na frente do médico era franzino, pudera, nasceu de sete meses. Ninguém acreditava que ele viveria mais do que algumas semanas, nem mesmo sua chorosa mãe. Apesar do parto complicado e da pouca fé dos médicos, o pobre coitado sobreviveu. Para sua infelicidade.

*

Queria apenas que aquele filme terminasse logo. Apertou o botão de avançar e continuo assistindo.

*

Na tela surgiu um rapaz forte e bonito. Estava cercado de amigos e tinha uma namorada linda. Este não era o franzino bebê crescido. Este estava em pé de cabeça baixa, esperando aquele passar para se exibir para os amigos mexendo com ele. Essa foi a sua rotina escolar até se formar no ensino médio. Apesar dos pesares, era um bom aluno e teve lá suas namoradas, só não duravam muito tempo. Depois da sua formatura, resolveu mudar sua vida. Ela realmente mudou. Pra pior.
Foi na faculdade que conheceu o amor da sua vida. Perto dela, todas as antigas namoradas não passavam de pequenos casos. Fizeram planos, sonharam juntos. Casaram assim que terminaram o curso de direito. Pela primeira vez, ele teve esperança e, dessa vez, ela durou muito tempo.

*

Avançou novamente para não ver aquele infeliz sorrir. Via as cenas rapidamente e desejava cada vez mais que aquilo acabasse.

*

Amou e foi amado.
Traiu e foi traído.
Perdoou, mas não foi perdoado.
Ficou ali caído enquanto ela tirava tudo dele.
Principalmente, sua felicidade.

FIM
*

Quando o filme acabou, aquela aura circunférica que antes parecia fria, agora, parecia mais convidativa. Deu uma última tragada no cigarro e encostou o cano da arma na cabeça. Deu seu último suspiro:
- Por que você simplesmente não me perdoou?
Uma lágrima brotou no canto do olho esquerdo, foi crescendo, mas não caiu. Puxou o gatilho. O estampido ecoou nas paredes, aumentando o barulho da morte. Então, fez-se silêncio. O corpo da ex-mulher, agora, jazia em seus pés. A lágrima teimou com ele e venceu. Escorregou até encontrar uma gota de sangue ainda quente:
- Você foi embora e me tirou tudo. Até mesmo a minha vida.
Encostou a arma contra o peito e puxou o gatilho. Não queria ter um coração batendo por mais ninguém.
Enquanto seu corpo caia, ele desligou a TV que esquecerá ligada e sorriu. Como nunca havia sorrido antes. Seus corpos foram um só pela última vez.

5 comentários:

pekena disse...

duas palavras: me arrepiei!
n precisa dizer mais nd, ele amou d verdade!

Unknown disse...

Muuuito foda!!

Anônimo disse...

Nossa, que foda.
O texto tá muito bom hein,
parabéns. (:

Kinha disse...

Surreal e criativo ^^
Vc consegue usar bem as palavras e faz com q a gente entre na sua história.
Pelo menos, nessa não envolveu casamento =P kkkk
Continue assim meu lindo, tá ficando muito bom ;)
=o****

Paulinha disse...

Beeest
poosso te perguntar uma coisa?
de onde vem tanta inspiração? =X

adoreei :)
:*