quarta-feira, 10 de março de 2010

Apenas Mais Uma de Amor (3)

Desamassou as bolinhas de papel que estavam no chão. A primeira tinha uma data e um hora rabiscadas, a segunda e a terceira estavam ilegíveis a quarta era uma folhinha de calendário e tinha a data do dia circulada. A quinta era uma das maiores dúvidas da sua vida. Desamassou-a por completo para que pudesse relê-la:

Vou apagar minha memória
pra reescrever minha história
de onde ela parou.
Só porque não consigo
tirar do coração um amigo,
que, nos meus dias de glória, me amou.

Vou cuidar eu mesmo de mim
pra não criar problemas sem fim
a quem já dou trabalho.
Só porque não consigo
ser aquele eu antigo,
que, nos tempos de baralho,
te amou tanto assim.

Vou voltar a ser calculista
pra do meu eu cronista
dizer "fui eu que fiz".
Só porque não consigo
escapar do castigo,
que,nos dias de estrategista,
eu mesmo quis.

Vou gritar o teu nome
pra você notar a voz que some
quando eu te chamo.
Só porquê não consigo
ser bom contigo,
que,nos tempos de fome,
não escutou que te amo.

Vou viver todos os dias
pra trazer a alegria
que me era dada por você.
Só porquê não consigo
achar o abrigo,
que,naquela sintonia,
eu ganhei por merecer.

Vou amar até o último instante
pra mostrar a debutante
o sentimento no meu peito.
Só porquê não consigo
e nem me instigo,
que,nessa luta incessante,
eu cai no conceito.

Vou largar o calmo soneto
pra mostrar que o nosso dueto
é o que trás saudade.
Só porquê não consigo
e de olhos fechados sigo,
que,no nosso concerto,
digo "te amo" de verdade.

Já estava prestes a recomeçar a leitura quando foi interrompido pelo relógio digital. Olhou para a primeira bolinha que havia aberto e percebeu que ela estava atrasada. Talvez nem aparecesse. Levantou da cama para terminar de se vestir.

Teria feito a coisa certa? Teria utilizado as palavras certas? Teria ela recebido tudo? A campainha tocou no meio da sua tempestade cerebral. Foi até a porta e olhou pelo olho mágico. Era ela. Usava o vestido que tantas vezes amanhecera jogado no chaõ do quarto. Abriu a porta, mas não sabia o que dizer. Para sorte dele, ela sabia.

Beijou-o na boca. Finalmente você entendeu que te queria de volta. Ele a pegou nos braços e foi até o quarto. Já tem um bom tempo,né? Beijou-o novamente e se amaram. Eles estavam onde e com quem queriam estar. O vestido queria estar no tapete vermelho vestindo a Megan Fox, mas, como não tinha opção, ficou quieto no seu pedaço de chão.

*
Só lembraram do jantar quando sentiram o cheiro de queimado.

3 comentários:

pekena disse...

Uma historia de amor que é a cara do autor.

Larissa disse...

Lindo poema.

Anônimo disse...

Como sempre, eles terminaram juntinhos, juntinhos. xDD