Absoluta Verdade

Era sexta-feira e eles ainda não tinham decidido o que iriam fazer. Desde o começo do namoro, a sexta era um dia sagrado. Podiam sair com seus respectivos amigos nos outros dias, mas na sexta eles faziam algo juntos, fosse com os amigos ou não. Ela começou dando ideias:

- A gente pode ir naquele restaurante de massas que eu gosto.
- Aquele perto da praia?
- É.
- Nem a pau, toda vez que a gente vai lá você come como se não houvesse amanhã. Se você continuar comendo desse jeito vai ficar acabada que nem a sua mãe.
- Verdade, né?

O silêncio tomou conta da sala enquanto eles pensavam mais um pouco. Dessa vez, a ideia foi dele:

- Que tal sairmos para tomar uma cervejinha?
- Tá de sacanagem, né? Já olhou pra sua barriga? Seu avô tem essa barriga de cachaça, seu pai tem essa barriga de cachaça, seus tios tem essa barriga de cachaça e o seu irmão eu nem preciso comentar. Não quero um marido barrigudo na minha cama.
- Porra, olhando bem até que eu estou precisando mesmo voltar a malhar.
- Então a ideia da cerveja já está descartada. Ah, acabei de lembrar que a Júlia chamou a gente pra dar uma passada na casa nova dela. Podíamos ligar pra ela e dizer que estamos indo lá.
- A Júlia é aquela sua amiga que casou com o tal de Marcos? Aquele casal que nós costumávamos sair juntos?
- É sim, posso ligar pra ela?
- Não mesmo! A Júlia é super gente boa, mas o marido dela é um babaca. Só fala besteira e as piadas que ele conta são sempre sem graça e eu tenho que forçar o riso por causa dela. Não sei como ela ainda não traiu ele.
- Ela trai. Já vi que não preciso mais ligar pra ela, mas não tenho mais ideias. Você?
- Bom, pensei em algo que costumávamos fazer quando estávamos namorando.
- Jura, amor? Sabia que você não tinha perdido aquele seu romantismo por completo. Você me comprará rosas e bombons e depois iremos assistir algum romance?
- Rapaz, eu tava pensando em sexo, maaas...
- Não, não, prefiro o sexo mesmo, mas vê se não acaba tão rápido quanto naquela época.
- Só prometo isso se você prometer não gemer como um porco.
- Prometido.
- Te amo, sabia?
- Também meu amor.

Beijaram-se loucamente e foram para o quarto.