terça-feira, 18 de julho de 2017

Antítese

Se descobriram opostos. Ele ariano, ela canceriana. Sem dúvidas de que ele era racional, lógico e ponderado, enquanto ela era emotiva, sentimental e sensível. Nas suas diferenças eram imiscíveis, as decisões do outro eram incompreensíveis, fugiam do senso comum ao qual estavam acostumados. Neste ritmo, o universo particular em que viviam continuava se expandindo e as galáxias em que viviam se afastavam pouco a pouco, atraídas em direções opostas por buracos negros de incompreensão.

Viveram separados por um vazio, sem se preocupar com os anos-luz que se aglomeravam entre eles. As tentativas de aproximação podiam ser vistas à olho nu de qualquer lugar do universo, liberando a energia e o brilho de uma supernova. Assim permaneceram por anos, até que encontraram o pedaço do outro em si.

Encontraram suas outras metades. O sol em áries se complementou no ascendente em câncer, enquanto a canceriana se completou com o ascendente em áries. Versa e vice. Ela a antítese da sua tese, ele o inverso do seu verso. Não eram opostos, sequer duas faces da mesma moeda. Não. Eram a realeza das cartas do baralho, invertidos na mesma face, o mesmo naipe.

Na infinita marcha expansionista do universo, olharam um para o outro através dos seus telescópios e perceberam que olhavam para si. A mesma galáxias em dimensões paralelas. Contemplaram a imensidão do cosmos de mãos dadas.

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