domingo, 29 de junho de 2014

Apenas mais uma de amor (21) - Epifania

Há um momento sutil em que, não importa onde você esteja, todas as engrenagens do universo se encaixam. É único, particular e inesperado. Chega a ser orgasmática a súbita compreensão de todas as perguntas que permeiam o imaginário. De repente, respostas. A sensação de colocar um par de óculos novos pela primeira vez. Tudo entra em foco. Agora corria refazendo o percurso que acabara de fazer, talvez fosse tarde, mas nessa vida até menstruação atrasada é bem vinda.

Encheram suas taças com o néctar mais puro. Deixaram-se levar pelo gosto até se embriagarem. Dançaram inebriados uma melodia singular que ninguém mais escutava. Acreditaram na particularidade de uma balada apenas deles. Perdoaram os tropeções. Ai. Desculpa! Não tem problema -sorriso- agora gira e gira. E lá se ia um passo novo em cima da falha. A prática levaria a perfeição. Perderam-se quando não mais permitiram erros.

Trocaram os ritmos, mas não de parceiros. Soltaram as mãos, mas continuaram a dançar até a alvorada tocar suas faces. Cabisbaixos, cada um para um lado. Perdidos com a infinitude de possibilidades que surgiram. Universos alternativos que se formavam a cado passo que davam. O caminho que se estreitava à medida que se distanciavam. Acelerou.

Há um momento brusco em que o caos esbarra com leis universais e toma forma. É geral, incontrolável e desenfreado. Chega a ser assustadora a torrente de novas perguntas que ficamos submissos. De repente, perguntas. A sensação de que o par de lentes já não é mais suficiente para o novo grau. Tudo sai de cena. Agora caminhava pelo percurso que acabará de fazer, talvez fosse cedo, mas nessa vida até parto prematuro é bem vindo.

Correu porque sabia que a dança tinha conteúdo, caminhou porque sabia que faltava forma.




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