Dar aula é como jogar roleta russa. Cada vez que o aluno levanta a mão dar sua opinião ou contar alguma história, você, no fundo no fundo, sente uma pontada de desespero e pede, encarecidamente, para que não seja nada demais e que não interrompa muito a aula. Reza para que aquele cartucho não seja o carregado. E não adianta tentar adivinhar quem irá te tomar a atenção e o tempo , pois é de onde menos se espera que a bala vem. A carinha de anjo ou a personalidade séria apenas maquiam a mente criminosa que há por trás.
Estávamos conversando sobre os tipos de livro preferidos e os livros favoritos de cada um. Uma que gosta de romances e dramas, outra que tem nos mistérios a sua preferência, gente que lê qualquer bom livro, e até mesmo gente que não gosta ou não sabe ler. Foi quando estávamos terminando de falar sobre grandes autores de mistério , que notei o braço apoiado na mesa e o dedo levantado. Não estava apontado para mim, mas podia atirar a qualquer momento:
- Alguma dúvida?
- Não, só queria fazer uma observação. - pensei que ela fosse dar uma de chiquinha.
-Pode dizer, doutora. - ainda dei asa pra essa imaginação.
- É porque eu gostaria de dizer que quero ter uma gata e que o nome dela vai ser Christie.
Eu já tinha dado a observação dela como encerrada e já me preparava para mudar a pergunta quando ela concluiu:
- A gata Christie.
*
É depois de uma dessa que a gente deveria poder pedir a conta e voltar para casa. A única observação que tenho a fazer é que o pior de tudoi foi ter sido engraçado.
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