quinta-feira, 3 de maio de 2012

Apenas mais uma de amor (15)

Já estava desacreditado no amor há um bom tempo. Essa historinha de expressar os sentimentos, até mesmo tê-los, agora parecia muita estupidez. Ninguém podia culpá-lo. As decepções amorosas o levaram a blindar seu coração. Morresse de amores quem quisesse, estava decidido a sobreviver às desilusões da vida à dois. Demorou para se acostumar com essa nova filosofia, mas não sofreria por mais ninguém. Nunca mais nós.

Avisava antes mesmo de se apresentar. Não queria sofrer, mas também não queria enganar ninguém. Prometia a melhor noite da vida delas e só. Um segundo ou um terceiro encontro talvez. Tudo dependia de como elas lidavam com o fato de ser apenas físico. Nada de planos ou ligações para matar a saudade. Oi, como vai, ah, ah, valeu, foi bom, adeus.

Nem todas conseguiam lidar com isso. Não era ele que limitava o número de encontros, mas sim o psicológico delas. A maioria acreditava que iria mudá-lo ou que a conversa inicial era uma brincadeira pra quebrar o gelo. Boa parte delas, psicólogas, acreditavam poder curá-lo do seu trauma com relacionamentos. Essas eram as preferidas, faziam de tudo na tentativa de convertê-lo. Porém, foi pela única que pareceu não se importar, que ele pareceu se apaixonar.

Estavam deitados nus debaixo dos lençóis. Era o sexto encontro deles. Os pais dela tinham viajado, deixando o apartamento vazio para os dois. Ambos ainda arfavam quando o medo se tornou real:

- E aí? - perguntou enquanto encostava o queixo no peito dele, os olhos claros parecendo varrer a mente dele em busca da resposta.
- E aí o que? - sabia o que ela queria dizer, mas não queria deixar a conversa fluir, não dessa vez, não com ela.
- A gente, como é que a gente fica depois de hoje?

O brilho nos olhos dela era especial, único, mas agora já era tarde. Iria sentir falta deles, entretanto, não arriscaria tudo que havia protegido. Do jeito que as coisas se encaminhavam, tudo indicava que acabariam juntos, mas não, ela tinha que ter apressado as coisas. Era a coisa certa a se fazer. Ela merecia uma pessoa que entrasse num relacionamento por completo.

- Você assistia muito desenho quando era mais nova?
- Hã? - a mudança repentina de assunto a pegou de surpresa. - Desenho animado? Assistia...por quê?
- Sabe aqueles desenhos de ninja?
- Sei...- a conversa, cada vez mais estranha, a fez sentar na cama.
- Então, não tinha umas bombinhas de fumaça? To usando uma agora. Puff, adeus.

Pegou suas coisas e foi embora antes dela poder processar os fatos. Sentiria sua falta.


6 comentários:

Bruna Tavares disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK conheço essa história de algum lugar...

Saulo Felizola disse...

sensacional a bombinnha de fumaca.

*puff*

Diego Felizola disse...

Essa história é sobre alguém que você conhece, Saulo kkkkkkkkkkkkkkk

Duca disse...

"Em um momento estava lá, e no outro...puff" kkkkkkkkkkkkkkk

Augusto Felizola Garcez disse...

O famoso pó de ninja !!!

Diego Felizola disse...

Famosíssimo esse pó! Desenvolvido por imigrantes italianos quando aportaram aqui no Brasil.