quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Teste de nivelamento

Estávamos todos reunidos na casa dos meus avós. Meu tio que mora em Salvador estava aqui também, o que implica alguma data comemorativa, só não recordo qual. Esperávamos esse mesmo tio voltar do aeroporto com o filho para que pudéssemos começar a almoçar. Assim que ele chegou, nos espalhamos pela mesa, móveis e sofá para comer. Quem almoça em casa de vó no final de semana sabe bem como é: nunca falta comida, mas só os mais velhos e os mais rápidos têm bons lugares para comer.

O meu primo estava, depois de um ano, voltando do seu intercâmbio no Canadá. Como ele não mora aqui, não temos muito contato, mas uma viagem dessas não se guarda para si, então, eu e Augusto sentamos à mesa para escutar as histórias que Breno tinha para contar. No meio da conversa, fomos interrompidos pelo meu avô que já chegou abrindo espaço para sentar entre os outros dois:

- Dê uma licencinha aqui, meu filho, pro seu avô sentar - disse ajeitando a cadeira de forma que os dois pudessem se olhar com ele no meio-, quer dizer que você agora sabe falar o inglês?
- É, vô, deu pra aprender algumas coisas - disse Breno já meio sem jeito-, mas ainda tem muita coisa pra aprender.
- Sei, sei...Augusto tá fazendo um cursinho aqui, quero ver você falando aqui com ele pra gente ver se tá valendo à pena.

Os dois ficaram ali, parados, apenas olhando do outro para o meu avô, ambos achando que era tudo parte de alguma brincadeira dele. Até que perceberam que o coroa estava falando sério. Ainda encabulados, engataram uma conversa sem muitos rodeios, respostas simples e diretas. O velho Eurípedes acompanhava a conversa com o olhar e os braços cruzados. E ali do lado só rindo, admirado que o meu avô conseguia acompanhar tudo. Queria saber se os dois estavam mesmo dominando o idioma. Quando viu que os dois já estavam diminuindo o ritmo da conversa, interrompeu novamente:

- Pronto, tá bom. E aí Breno, seu primo tá sabendo falar direitinho?
- É, só tá precisando melhorar algumas coisas, mas fora isso tá tudo certinho.
- E você, Augusto, me diga aí o que foi que você entendeu da conversa com seu primo.
- Rapaz...ele tava me contando como eram algumas coisas lá no Canadá e me falando um pouco da viagem.
- Foi mesmo? Certeza? Eu escutei ele falando mais um monte de coisa...
- Resumindo foi isso, mas o senhor entendeu a conversa pra tá sabendo que faltou algo, foi?
- Meu filho, e eu lá entendo porra nenhuma dessas coisas. Vocês falaram um monte de coisa aí e depois você veio querendo me enrolar com uma resposta sapecada.

E foi assim que eu descobri que o meu avô não entendia nada da língua inglesa, mas que tinha experiência de sobra pra saber que estava sendo enrolado. Os três ali tinham uma boa fluência, mas ele era o verdadeiro mestre.

5 comentários:

Luiza disse...

kkkkkkkkkkkkkkkk
A-D-O-R-E-I o seu avô pow!! kkkkkkk

Augusto Felizola Garcez disse...

rpz nem em ingles conseguem enrolar o veio

Diego Felizola disse...

malandro é malandro

Bruna Tavares disse...

Seu Eurípedes não existe kkkkkkkkkkkkk =)

Celeste disse...

Gostei de ver... experiência é tudo!